segunda-feira, 2 de março de 2009

Merrill Lynch reduz projeção para PIB global em 2009, prevendo contração de 0,4%

Por: Giulia Santos Camillo

Diante da piora das condições econômicas ao redor do mundo - principalmente nos países emergentes - o Bank of América - Merrill Lynch revisou para baixo as projeções para crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial em 2009. As estimativas, que antes eram de contração de 0,1%, agora são de recuo de 0,4%.

De acordo com a instituição, a revisão negativa se deve ao corte nas projeções de crescimento da economia do Japão, da Rússia, da Europa Oriental e, em menor medida, da Ásia emergente e da América Latina.

"Nós também revisamos para baixo as estimativas de 2009 para os Estados Unidos de -2,6% para -3%, na esteira de dados do quarto trimestre de 2008 menores do que o esperado", informou a equipe de economia global da Merrill Lynch.

Vale lembrar que na última sexta-feira (27) foram divulgados os dados preliminares do PIB norte-americano, que indicaram queda de 6,2% no último trimestre do ano passado, frente à estimativa média do mercado de recuo de 5,4%.

Recuperação somente no segundo semestre
A análise da Merrill Lynch indica uma recuperação moderada da economia norte-americana na segunda metade do ano, com crescimento de 3,5% no terceiro trimestre e 3% no quarto trimestre. De acordo com a instituição, o Japão deve acompanhar os Estados Unidos e se recuperar a partir do terceiro trimestre de 2009, enquanto a Europa voltará a crescer apenas no último quarto deste ano.

"Entretanto, o cenário norte-americano mostra uma recuperação em forma de 'W', ou seja, com uma recaída parcial em 2010 enquanto os ajustes no setor imobiliário continuam e a alta taxa de desemprego, somada à crescente propensão a poupar, fazem com que o crescimento da demanda final seja lento", preveem os analistas.

Nesse contexto de crise, a política fiscal deve ser peça-chave no início da recuperação da economia, representando o papel de quebrar a espiral com feedback negativo e reverter a alta na taxa de desemprego, apoiando o gasto do consumidor. Segundo a Merrill Lynch, só depois disso é que os estoques serão ajustados e a política monetária será o principal driver da recuperação.

América Latina e Brasil
A revisão das projeções para a América Latina indica um crescimento abaixo de 1% para o PIB da região na base anual, "abaixo da estimativa de avanço de 4% em 2008 e no menor crescimento anual desde a crise de crédito de 2002". As estimativas da Merrill Lynch revelam ainda a possibilidade de recuperação em 2010, com um crescimento regional previsto de 3,1%.

No entanto, enquanto a recuperação não vem, é necessário ficar de olho em alguns aspectos de cada país. No Brasil, o principal indicador a ser publicado nos próximos dias é a produção industrial de janeiro - com divulgação programada para 6 de março.

"Após cair 12,4% na passagem entre novembro e dezembro, o indicador deve ganhar 8,9% na mesma base de comparação. Porém, a taxa anual deve contrair em 10,6%, levando o nível da produção próximo ao de 2006", alertam os analistas. Para os demais países, como Chile, Venezuela, Equador, Peru, Uruguai e Colômbia, a inflação é a principal preocupação.