terça-feira, 9 de março de 2010

Com BR Properties, Bovespa já tem 25 construtoras listadas

A BR Properties iniciou a negociação das suas ações ordinárias, sob o código BRPR3, na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) nesta segunda-feira e, no primeiro dia, os papéis encerraram com desvalorização de 2,31%. Em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) a companhia captou R$ 934 milhões. As ações estão sendo negociadas no Novo Mercado, nível mais elevado de Governança Corporativa da bolsa. É a 25ª empresa de construção na Bolsa de Valores, considerado um excesso por especialistas.

Este é o terceiro IPO do ano e, em todos, o valor sugerido pela companhia ficou acima do valor de captação, no chamado desconto de IPO. No caso da BR Properties, a companhia pretendia colocar suas ações no mercado no preço entre R$ 14 e R$ 18, porém a oferta saiu a R$ 13.

A companhia pretende usar os recursos conquistados na oferta em aquisição de imóveis e para desenvolver projetos de incorporação. O coordenador líder da operação é o Itaú BBA, que atuou ao lado de Bradesco BBI, Goldman Sachs, Santander e Safra.

Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa, se mostrou preocupado com a crise na Europa. "O Brasil está sujeito às crises internacionais. Acho que houve um recuo das empresas nesses dois primeiros meses por conta da crise na Europa, mas no momento que vai ficando mais claro o envolvimento dos países europeus os investidores estrangeiros voltaram ao nosso mercado", afirma.

Quanto aos próximos IPOs, o presidente da bolsa diz que "ainda temos uma lista importante de empresas para sair e com a volta do investidor estrangeiro não tenho dúvida que nos próximos dois meses teremos momentos como esse do IPO da BR Properties", acrescentou Edemir.

Vale destacar que, segundo balanço de operações da BM&F Bovespa, os investidores estrangeiros retiraram R$ 3,3 bilhões do mercado acionário brasileiro nos dois primeiros meses de 2010.

"Nosso mercado é um dos mais líquidos do mundo, nosso mercado é o que mais rentabilidade entrega no mundo, quando há alguma crise lá fora, o estrangeiro procura o mercado que tem mais liquidez e onde tem rentabilidade para zerar sua posição. Ele [estrangeiro] entra mais rápido do que sai. Acho que a crise vai levar algum tempo", diz Edemir.

Em relações aos setores que devem ter mais empresas aderindo ao mercado de capitais brasileiro, Edmir afirma que os setores de Serviços e Consumo que vão trazer "novidades" para o mercado e grandes operações. "É natural ter tantas empresas na bolsa por conta da infraestrutura que este país vai viver nos próximos anos", acredita Edemir.

Com a estreia da BR Properties, o número de empresas do setor de construção listadas na bolsa soma 25, ante apenas seis companhias listadas há cinco anos, segundo o presidente da BM&F Bovespa. "O IPO da BR Properties indica que as janelas de captação de recursos continuam abertas."

O IPO da BR Properties foi o terceiro de 2010. No primeiro, a Aliansce Shopping conseguiu captar R$ 585 milhões. A segundo oferta foi realizada pela Multiplus, subsidiária da TAM e especializada em programa de fidelização, que, na ocasião, movimentou R$ 629,4 milhões.

O maior IPO da história da bolsa brasileira é do Santander Brasil, onde obteve volume financeiro de R$ 13,182 bilhões e participação de 80% de estrangeiros, desbancando a empresa de Eike Batista, a OGX Petróleo, que detinha o título de maior oferta, com valor de R$ 6,711 bilhões.

A BR Properties informou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que os fundos de investimentos AMS International Gestão Financeira e Everest Participações adquiriram 7,5 milhões de ações ordinárias nominativas, sem valor nominal, o que representa aproximadamente 5,19% do capital social total da empresa.

De acordo com o fato relevante divulgado pela empresa, a aquisição feita pelos dois fundos de investimento representa a totalidade das ações da empresa detidas por carteiras e fundos de investimentos geridos pela M. Safra & Co. O objetivo dessa aquisição, segundo o comunicado, "é o de investimento na companhia, não havendo qualquer intenção de alterar a composição do controle ou estrutura administrativa".

Com a estreia da BR Properties ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o setor de construção civil passa a ter 25 empresas listadas no mercado de ações. A incorporadora estreante levantou R$ 951 milhões com a oferta e pode ultrapassar R$ 1 bilhão se vender todo o seu lote suplementar no prazo de 30 dias.

Ao mesmo tempo, a Caixa divulgou ontem que investiu R$ 8,5 bilhões em habitação nos dois primeiros meses de 2010, um aumento de 108% em relação ao mesmo período do ano passado.