quarta-feira, 10 de março de 2010

Com crescimento anêmico, Roubini alarma possibilidade de duplo mergulho nos EUA

Infomoney

Os indicadores com teor pessimista divulgados nas últimas duas semanas nos EUA, trazem à tona os temores de que a recuperação economica do país pode vir a apresentar - no melhor dos cenários - o formato de U.

Nas perspectivas da Roubini Global Economics, os recentes dados da macroeconomia norte-americana sugere um risco de contração até mesmo para a já anêmica projeção de crescimento no primeiro semestre de 2010, de 2,7%.

V, U ou W?
Frente aos recentes números, surge um intenso debate no país, acerca de qual formato deve conduzir o futura da economia: V, U ou W - cada qual com suas teses e analistas para defendê-las.

No entanto, para a Roubini, o probabilidade de o pior cenário dar as caras (formato W) é de apenas 20%, enquanto que o formato U possui 60% de possibilidade de vir a ocorrer.

Europa em apuros
Abordando o continente europeu, a consultora alerta para o crescente risco de um “duplo mergulho” na economia da Zona do Euro, em decorrência da frágil situação fiscal que vivem alguns países da região.

“Mesmo que a Zona do Euro não entre em um duplo mergulho, a expansão na demanda doméstica será similar ou ainda mais constrita do que nos EUA”, prevê a Roubini.

Problema similar no continente vem do Reino Unido, com alertas sobre sua imensa dívida fiscal, podendo acarretar em uma crise na libra esterlina.

“A Europa então terá grande dificuldade sendo uma fonte de demanda para as exportações norte-americanas, e pode até mesmo dar impulso na contração da demanda, contribuindo com as ameaças de um duplo mergulho nos países de alta renda”.

Frágil setor privado
Ressaltando uma sequencia de indicadores negativos divulgados no país, e prevendo um crescimento menor no segundo semestre do que no primeiro, a Roubini Global Economics expõe que a fraqueza do setor privado no período – especialmente no frágil setor imobiliário – podem ameaçar um duplo mergulho.

Correntes defensoras do V
No entanto, muito menos pessimista do que a gestora, há o lado que crê em uma recuperação no formato V. Para sustentar a afirmação, os especialista enaltecem seis argumentos.

O primeiro atribui aos números ruins divulgados recentemente o inverno severo enfrentado por parte do país. O segundo trata do resiliente consumo revelado em janeiro. Havendo ainda a tese de que o robusto gasto de Capex (Cash Flow To Capital Expenditures) no quarto trimestre é um sinal positivo.

Além deles, a crença – “baseada apenas na fé”, segundo a Roubini – de um decréscimo na taxa de desemprego; a visão de que a demanda encontra-se aquecida; e por fim, a análise de que o déficit nas transações irá diminuir nos próximos trimestres, são outras teorias que sustentam as projeções de recuperação em V.

Sem tendência, mas alerta cresce
“Em resumo, dados de duas semanas não devem traçar uma tendência ainda”, avalia Roubini. No entanto, conclui afirmando que “comparado a alguns meses atrás, a cenário mais propício ainda é o de formato U, mas a probabilidade que um W – um duplo mergulho – está crescendo”.