terça-feira, 16 de março de 2010

MMX está subvalorizada e com desconto forte em relação a pares, diz Barclays

Por: Giulia Santos Camillo

“Na nossa visão, os resultados atuais não refletem realmente o potencial de longo prazo da companhia e de seus drivers”. É essa a avaliação que os analistas do Barclays Capital fazem dos números do quarto trimestre de 2009 da MMX Mineração (MMXM3), mantendo a recomendação de overweight (peso acima da média do portfólio).

Após a teleconferência sobre o balanço trimestral da companhia, o banco optou por revisar o modelo de avaliação dos papéis, incorporando um salto mais lento nos volumes do projeto Sudeste. Contudo, ainda reiterou a visão de que a MMX irá “entregar melhoras substanciais em sua performance operacional durante os próximos anos”.

A perspectiva positiva do Barclays em relação ao braço de mineração do grupo EBX, do empresário Eike Batista, parte de premissas como a sustentabilidade do ciclo de precificação do minério de ferro, de uma elevação nos volumes e de continuidade dos esforços de corte de custos já adotados pela empresa.

A visão otimista leva o banco a manter o preço-alvo de R$ 20,00 por ação, o que representa um potencial de valorização de 48% frente ao último fechamento. Apesar disso, os analistas Leonardo Correa e Renato Antunes, que assinam o relatório do Barclays, mantêm a recomendação neutra para o setor de mineração.

Consolidação e novos projetos
O Barclays deixa a teleconferência da MMX Mineração com uma visão otimista também em relação aos planos da empresa. Conforme a avaliação dos analistas, a empresa se considera “a consolidadora natural” na região de Serra Azul, o que pode adicionar uma significativa capacidade de produção às projeções, de 45 milhões de toneladas por ano.

Além da expansão via aquisições, a direção da mineradora também está otimista em relação aos projetos econômicos no Chile. Tendo em vista a alta qualidade do minério de magnetita do Chile, a proximidade dos mercados asiáticos, a logística integrada e os baixos opex (capital operacional) e capex (capital de investimento), os analistas do Barclays acreditam que os planos da MMX são “largamente subvalorizados pelos investidores”.

Perspectivas positivas
Olhando para o tom positivo dos comentários dos executivos da empresa, o Barclays acredita que novas certificações de recursos estão a caminho, previstas ainda para o primeiro semestre deste ano. As expectativas para os preços do minério de ferro, embora não haja nada de concreto, também abrem espaço para riscos de melhora no valuation da MMX.

Outro ponto ressaltado com otimismo após a teleconferência é o perfil de dívida da companhia. “Nós acreditamos que a combinação do recentemente anunciado aumento de capital e um perfil de dívida melhorado devem colocar a MMX em uma posição confortável para retomar sua trajetória de crescimento”, avalia o banco, colocando os resultados do quarto trimestre no passado.

Valuation
Conforme os cálculos do Barclays, a MMX é negociada a um EV/ton (que mede a relação entre o valor da empresa por tonelada de produção futura) de US$ 122, o que implica em um desconto de 40% em relação aos pares.

“Nós acreditamos que essa diferença no valuation é injustificável por cinco razões: escala, menor intensidade de capital, alta qualidade do minério, logística integrada e uma folha de balanço fortalecida após o negócio com a Wisco”, argumentam os analistas.

Contudo, os investidores devem atentar para os fatores que oferecem riscos à avaliação do Barclays. Um aumento menor do que o previsto nos volumes de minério de ferro, atrasos nos projetos, menores preços e maior custo de capital são alguns deles, junto com os riscos em relação aos negócios com a Wisco, ainda sem aprovação dos órgãos relguladores.