quinta-feira, 11 de março de 2010

Morgan Stanley vê Ibovespa aos 85 mil em 2010 e revela impactos do pré-sal no PIB

Por: Valter Outeiro da Silveira
InfoMoney

Diante dos prospectos favoráveis para a economia brasileira, o Morgan Stanley publicou relatório de estratégia para a renda variável, destacando o impacto das reservas do pré-sal no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), além de listar quais são suas ações prediletas.

Inicialmente, a equipe de research já mostra a que veio. “O objetivo deste relatório é avaliar a predisposição da economia brasileira para postar um crescimento anual médio de 5% nos próximos anos”.

Antes de prosseguir com a análise de médio prazo, um viés de curto. “Permanecemos bullish e overweight (alocação acima da média do portfólio) com as ações brasileiras e reiteramos nosso alvo de 85 mil pontos para o Ibovespa no final do ano”, completam os analistas, citando que os produtores de commodities se beneficiarão da recuperação econômica mundial e que os players domésticos serão favorecidos pelo baixo juro básico.

Pré-sal, IED e eleições
Para o Morgan Stanley, o desenvolvimento das reservas petrolíferas, a ser feito mediante IED (Investimento Estrangeiro Direto), construirá um gap externo nos próximos cinco anos. Aliado a isso, a crescente produção de óleo bruto impulsionará as exportações e a poupança doméstica.

“Até agora, o Brasil precisava de um ‘superciclo’ de commodities para poder crescer persistentemente a 4% ou mais, por causa das baixas poupanças domésticas”, avalia o banco, prevendo que o pré-sal será importante para elevar a parcela da renda bruta não convertida em consumo (do governo ou privado).

Entretanto, os analistas fazem uma ressalva. As eleições presidenciais deste ano deverão definir se o País implementará (ou não) reformas fiscal e monetária, além de aprovar reestruturações no âmbito micro, conforme seus olhares.

Brasil não é só commodities
A equipe de research acredita que, em geral, os investidores enxergam o Brasil somente com o óculos das commodities, dada a posição relevante do País como produtor de bens primários, além das inúmeras blue chips listadas pertencentes aos setores petrolífero, minerador, siderúrgico e de papel e celulose.

Entretanto, o banco norte-americano foge do senso comum e busca avaliar empresas fora do cenário de commodities, em especial players que se destacam no mercado doméstico. Neste sentido, o Morgan Stanley pede atenção redobrada às ações focadas no cenário interno, caso o País consiga auferir crescimento médio acima dos 5% nos próximos anos.

Sem poupança não há milagre
Mais adiante na análise, uma pergunta: “o que o PIB do Brasil precisa para crescer a 5% consistentemente?”, questiona a equipe de research. A resposta passa por um aumento na taxa dos investimentos, de aproximadamente 17% a 20% do PIB para 22% a 26% do nível de produto bruto.

Contudo, à luz da relação macroeconômica entre poupança e investimento, os analistas destacam a necessidade de se poupar mais. Partindo dessa premissa, o banco avalia os três componentes da poupança: pública, privada e externa. A primeira, por incrível que pareça, mostrou melhora desde 1990, conforme o banco.

A segunda se manteve praticamente estável, em cerca de 20% do PIB nos últimos sete anos. Por outro lado, a poupança externa sofreu declínios, dada a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (e as preocupações decorrentes) e a conseguinte melhora na taxa de poupança privada, excluindo a necessidade das poupanças externas nos anos subsequentes, segundo o banco.

Perspectivas e prediletas
Após listar a necessidade de se poupar, os analistas desenham três panoramas para o País nos próximos anos:

* Otimista: crescimento real do PIB em 5%, com aumento do déficit em conta corrente – de US$ 24 bilhões em 2009 (1,5% do PIB) para US$ 100 bilhões em 2015 (3,9% do PIB).
* Neutro: crescimento real do PIB em 4%, com aumento do déficit em conta corrente – de US$ 24 bilhões em 2009 (1,5% do PIB) para US$ 75 bilhões em 2015 (3% do PIB).
* Pessimista: crescimento real do PIB em 3%, com aumento do déficit em conta corrente – de US$ 24 bilhões em 2009 (1,5% do PIB) para US$ 56 bilhões em 2015 (2,3% do PIB).

Por último, os analistas revelam quais são suas ações preferidas no Brasil, não em ordem de predileção: Petrobras, Vale, Fibria, MRV, Cyrela, Lojas Renner e Net – todas com recomendação overweight.