Depois da Petrobras, agora é a vez de a elétrica trocar dívida por ações. Analistas recomendam aos acionistas que entrem na oferta
Aline Cury Zampieri, iG
Depois da Petrobras, é a vez de o governo capitalizar a Eletrobras. No fim de setembro, enquanto finalmente saía a oferta da estatal petrolífera, a maior oferta do mundo, o governo autorizava uma reestruturação financeira na empresa de energia. Os contextos são diferentes, mas uma mesma questão se coloca: o acionista minoritário deve acompanhar a operação da Eletrobras?
Em 23 de setembro, o governo publicou no Diário Oficial da União a autorização para capitalizar a companhia. Segundo a própria empresa já havia informando, R$ 4,8 bilhões em dívidas com o Tesouro e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) serão convertidos em ações pelo governo. O principal objetivo da Eletrobras é limpar o seu balanço da despesa financeira causada por essa dívida, que possui com o Tesouro e o BNDES. A oferta é restrita - ou seja, só valerá para quem já possui ações da empresa.
Analistas recomendam compra, mas fazem ressalvas
Especialistas ouvidos pelo iG aconselham o acionista que já está na empresa a acompanhar a oferta, para não ter sua participação diluída. Rosângela Ribeiro, analista da SLW Corretora, lembra que o preço da oferta será fechado pela média dos últimos 30 dias de negociação. “As ações estão baratas, então acredito que os acionistas irão exercer seu direito de subscrição.” Ela vê a troca de dívida por ações como boa para a empresa, ao reduzir o custo de sua dívida.
Segundo a empresa, a dívida, reajustada pela taxa básica de juros do Brasil, a Selic, acaba causando despesas financeiras de aproximadamente R$ 480 milhões ao ano. “Tenho recomendação de compra para as ações da Eletrobrás. A empresa confirma sua estratégia de fortalecimento do grupo com essa operação”, diz Rosângela
Apesar da visão otimista, alguns analistas não veem com bons olhos as ações da Eletrobras. Esse é um dos motivos pelos quais os papéis estão sendo negociados na Bolsa com rentabilidade menor que a de outras elétricas com controle estatal, como Copel, do Paraná, e Cemig de Minas Gerais. A relação entre o preço da ação da Eletrobras e seu lucro, ou entre o preço e o patrimônio, é bem menor na companhia federal.
Entre os problemas citados pelos críticos estão relações pouco transparentes entre a empresa e suas inúmeras subsidiárias, além de ingerência política. “Nossa visão para Eletrobras é negativa, dado seu elevado risco. A empresa não consegue gerar valor com seus ativos”, diz Ricardo Corrêa, analista de energia da Ativa Corretora. “E uma eventual vitória do governo de Dilma Rousseff não abriria perspectivas de mudanças nessa situação.”
Corrêa diz ainda que, apesar das intenções da empresa de melhorar o balanço, financeiramente a troca de dívida por ações é quase neutra. “Melhora apenas marginalmente a visibilidade das contas da companhia.”
Cresce a presença da União
O decreto que autoriza a capitalização determina também que a União poderá comprar ações da empresa na proporção de sua atual participação na Eletrobras. Além disso, pode comprar sobras de ações com os papéis de dívida que possui, caso outros acionistas não acompanhem o processo de aumento de capital.
Se isso acontecer, o governo poderá aumentar sua participação no capital da empresa. Segundo dados disponíveis na página da Eletrobras, a União tem 52% das ações com direito a voto da empresa. O BNDES Participações, que também entra no acordo, possui 21,08% das ações ordinárias. Quando são consideradas apenas as ações preferenciais - que não dão direito a votar -, a participação da União é nula e a do BNDESpar, de 8,22%.
Aline Cury Zampieri, iG
Depois da Petrobras, é a vez de o governo capitalizar a Eletrobras. No fim de setembro, enquanto finalmente saía a oferta da estatal petrolífera, a maior oferta do mundo, o governo autorizava uma reestruturação financeira na empresa de energia. Os contextos são diferentes, mas uma mesma questão se coloca: o acionista minoritário deve acompanhar a operação da Eletrobras?
Em 23 de setembro, o governo publicou no Diário Oficial da União a autorização para capitalizar a companhia. Segundo a própria empresa já havia informando, R$ 4,8 bilhões em dívidas com o Tesouro e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) serão convertidos em ações pelo governo. O principal objetivo da Eletrobras é limpar o seu balanço da despesa financeira causada por essa dívida, que possui com o Tesouro e o BNDES. A oferta é restrita - ou seja, só valerá para quem já possui ações da empresa.
Analistas recomendam compra, mas fazem ressalvas
Especialistas ouvidos pelo iG aconselham o acionista que já está na empresa a acompanhar a oferta, para não ter sua participação diluída. Rosângela Ribeiro, analista da SLW Corretora, lembra que o preço da oferta será fechado pela média dos últimos 30 dias de negociação. “As ações estão baratas, então acredito que os acionistas irão exercer seu direito de subscrição.” Ela vê a troca de dívida por ações como boa para a empresa, ao reduzir o custo de sua dívida.
Segundo a empresa, a dívida, reajustada pela taxa básica de juros do Brasil, a Selic, acaba causando despesas financeiras de aproximadamente R$ 480 milhões ao ano. “Tenho recomendação de compra para as ações da Eletrobrás. A empresa confirma sua estratégia de fortalecimento do grupo com essa operação”, diz Rosângela
Apesar da visão otimista, alguns analistas não veem com bons olhos as ações da Eletrobras. Esse é um dos motivos pelos quais os papéis estão sendo negociados na Bolsa com rentabilidade menor que a de outras elétricas com controle estatal, como Copel, do Paraná, e Cemig de Minas Gerais. A relação entre o preço da ação da Eletrobras e seu lucro, ou entre o preço e o patrimônio, é bem menor na companhia federal.
Entre os problemas citados pelos críticos estão relações pouco transparentes entre a empresa e suas inúmeras subsidiárias, além de ingerência política. “Nossa visão para Eletrobras é negativa, dado seu elevado risco. A empresa não consegue gerar valor com seus ativos”, diz Ricardo Corrêa, analista de energia da Ativa Corretora. “E uma eventual vitória do governo de Dilma Rousseff não abriria perspectivas de mudanças nessa situação.”
Corrêa diz ainda que, apesar das intenções da empresa de melhorar o balanço, financeiramente a troca de dívida por ações é quase neutra. “Melhora apenas marginalmente a visibilidade das contas da companhia.”
Cresce a presença da União
O decreto que autoriza a capitalização determina também que a União poderá comprar ações da empresa na proporção de sua atual participação na Eletrobras. Além disso, pode comprar sobras de ações com os papéis de dívida que possui, caso outros acionistas não acompanhem o processo de aumento de capital.
Se isso acontecer, o governo poderá aumentar sua participação no capital da empresa. Segundo dados disponíveis na página da Eletrobras, a União tem 52% das ações com direito a voto da empresa. O BNDES Participações, que também entra no acordo, possui 21,08% das ações ordinárias. Quando são consideradas apenas as ações preferenciais - que não dão direito a votar -, a participação da União é nula e a do BNDESpar, de 8,22%.