quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Consumo reage, mas EUA mostram fragilidade

Agências internacionais

A economia dos EUA chegou a uma encruzilhada. Uma série de dados indicam que a recuperação do consumo pode sustentar o crescimento no ano que vem, mas, por outro lado, o mercado imobiliário e a indústria continuam a dar sinais de debilidade e de alerta.

Os novos pedidos de auxílio-desemprego caíram na semana passada para seu mais baixo patamar em mais de dois anos, num momento em que o consumo aumenta, o que dá indícios de fortalecimento da atividade econômica. A melhora do quadro econômico é ressaltada também por uma alta na confiança do consumidor neste mês e dos próprios gastos dos consumidores.

"A recuperação econômica dos Estados Unidos está se tornando mais sustentável, já que a melhora no mercado de trabalho finalmente dá apoio a maior consumo", disse Harm Bandholz, economista-chefe do UniCredit Research, em Nova York.

Pedidos iniciais de auxílio-desemprego chegaram a 407 mil, numa queda de 34 mil, segundo o Departamento do Trabalho. É o menor patamar desde meados de julho de 2008. Foi um resultado bem melhor do que o esperado por economistas, que prediziam uma queda para 435 mil.

O Departamento do Comércio disse que os gastos de consumo cresceram 0,4% em outubro e a renda teve alta de 0,5%. Foi o quarto mês consecutivo de aumento dos gastos. O resultado foi próximo à expectativa dos economistas de crescimento do consumo de 0,5% no mês passado. O consumo responde por 70% da atividade econômica do país.

Um outro relatório mostrou que a confiança do consumidor americano aumentou em novembro. O indicador elaborado pela Universidade do Michigan medindo esse sentimento avançou para 71,6 pontos, acima dos 67,7 de outubro e dos 67,4 do penúltimo mês de 2009. A leitura foi a mais alta desde junho, informou a entidade.

Tanto a avaliação da situação corrente como futura apresentaram melhoria. O índice referente à condição econômica atual saiu de 76,6 em outubro para 82,1 um mês depois. O indicador de expectativas foi de 61,9 para 64,8.

"Minha expectativa é de que haja uma queda para baixo do patamar de 400 mil [pedidos de auxílio-desemprego] antes do fim do ano. E os resultados de agora mostram que as coisas parecem estar se encaminhando para isso", disse Michael O'Rourke, estrategista-chefe de mercado do BTIG, em Nova York. "Isso significa que poderemos adicionar 150 mil empregos por mês ao mercado de trabalho."

Pelo lado negativo, as vendas de casas novas nos EUA caíram 8,1% em outubro, em relação a um mês antes, ficando em uma taxa anual ajustada sazonalmente de 283 mil unidades. No comparativo anual, o recuo foi bem mais marcado, de 28,5%, informou o Departamento do Comércio.

E as novas encomendas de bens duráveis recuaram 3,3% em outubro, uma mudança de direção na comparação com um mês antes, quando houve alta de 5%. Sem transportes, os pedidos declinaram 2,7%. Excluindo defesa, a queda foi de 2,1%. "Equipamento de transporte teve a baixa mais marcada, de 5,2%. O recuo foi influenciado pela retração em aeronaves de defesa e peças", acusou pesquisa do Departamento do Comércio.

"Esses dados negativos mostram que é preciso cautela antes de começar a soltar rojões comemorando a força da economia", ponderou Avery Shenfeld, economista-chefe do CIBC, em Toronto.