terça-feira, 9 de novembro de 2010

Economist: Brasil tem que falar alto com a China sobre câmbio

Editor-chefe da revista diz que o país deveria ser mais “sofisticado e aventureiro” ao pressionar a China
Eduardo Tavares, de EXAME.com

Economist diz que Lula tem méritos na forma positiva como o Brasil é visto pelo mundo

São Paulo - Para o editor chefe da revista britânica The Economist, John Micklethwait, o Brasil precisa abandonar a forma suave de falar com a China no que diz respeito ao câmbio. “A conversa não pode ser suave como sempre fez o Brasil de ontem”, disse o jornalista, que participou de um evento organizado pela revista nesta terça-feira (9/11), em São Paulo.


Micklethwait enfatizou que a conversa precisa acontecer de forma eficiente, mesmo sendo a China um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil. “A economia brasileira é a oitava maior do mundo. E se vocês analisarem os fatos, verão que no longo prazo o maior problema para o país é o do desequilíbrio cambial.”

Segundo o editor-chefe da Economist, o Brasil pode ser útil em um cenário em que os Estados Unidos reclamam da China, e vice-versa. Ele ressaltou que o governo brasileiro é um dos poucos que podem “lembrar” à China que é ela quem atualmente ajuda a criar desigualdades no mundo. E este desequilíbrio é o mesmo que deu força à crise dos últimos anos. “Um Brasil sofisticado e aventureiro faria isso”, provocou Micklethwait.

Mudanças

Há 20 anos, quando veio pela primeira vez ao Brasil, o jornalista que comanda a redação da Economist foi dado como morto por um jornal estrangeiro. “Olha quanta coisa mudou desde então. Eu estou vivo”, brincou. “O fato é que as pessoas gostam de vir para o Brasil. Gostam de ouvir falar daqui.”

Para Micklethwait, a principal mudança está no fato de que atualmente os executivos olham muito mais para o exterior. Não somente isto, mas as empresas de fora também começaram a reparar muito mais no Brasil. “Lula merece crédito por isso, ele conseguiu fazer com que o país fosse visto de outra forma. O Brasil é poderoso e vai tornar as pessoas cada vez mais interessadas”, disse o editor-chefe da Economist.