quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

BofA eleva preço-alvo de OGX e Petrobras após revisar projeção para o petróleo

InfoMoney



SÃO PAULO - Baseado na perspectiva de aumento dos preços do petróleo no próximo ano, o Bank of America Merril Lynch elevou seu preço-alvo para as petrolíferas Petrobras (PETR4) e OGX (OGXP3).

Segundo os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, que assinam um relatório sobre o setor, os dois principais drivers do próximo ano devem ser o forte crescimento do volume de produção e programas robustos de exploração. Por sua vez, os países emergentes devem ser os principais responsáveis pelo aumento da demanda e das receitas.

Desta forma, as top picks na América Latina - Pacific Rubiales, Ecopetrol e Petrobras - aliam esta projeção com um valuation atrativo. O BofA revisou o valor do barril de petróleo de US$ 85 para US$ 87 em 2011, em reflexo da provável redução da oferta no mercado.

A colombiana Pacific Rubiales é a preferida dos analistas, e seu programa de exploração guarda altas perspectivas de resultados. Já a Ecopetrol mantém a previsão de um aumento acentuado na produção de óleo e gás nos próximos dois anos, e talvez guarde o maior potencial de crescimento entre as ações sob cobertura do BofA no segmento.

Destaques do setor
Dentre os eventos essenciais a acompanhar no próximo ano, o relatório elege seis principais. O primeiro é a elevação de planos de crescimento. A Petrobras, por exemplo, planeja aumentar sua capacidade de produção em 5,4%, o que apesar de parecer pouco, a posicionaria muito bem em relação a seus pares globais, dado o tamanho da companhia.

O segundo ponto refere-se aos programas de exploração previstos para 2011. Estes devem ser importantes para a percepção dos investidores sobre a empresa no longo prazo. A seguir, vale atentar para a tendência do setor, que é de contínua alta nos próximos 12 meses.

Ademais, no cenário macroeconômico, o viés de elevação da moeda local e da inflação devem afetar positivamente os preços do petróleo. Por fim, o BofA destaca a possibilidade de novas ofertas iniciais de ações no setor, assim como uma melhora do cenário corporativo por conta de esclarecimentos políticos. No último quesito, destaque para o Brasil, onde a implementação das novas regras para o pré-sal merece bastante atenção.

OGX
O preço-alvo para as ações da empresa sofreu a maior elevação dentre todas do portfólio coberto pelo banco, passando de R$ 9,23 para R$ 15 por papel. A projeção engloba, além do aumento do preço para o barril de petróleo, um WACC menor, a atualização para as perspectivas de 2011 e um aumento de produção estimado em 31% para 2022.

As previsões anteriores sobre a produção até 2019 seguem inalteradas. "Nós vemos a transição da OGX de uma empresa meramente exploratória, que tem sido largamente centrada sobre as perspectivas de menor risco na bacia de Campos, para uma mistura de desenvolvimento e exploração de alto risco em Santos, Espírito Santo e nas bacias Pará-Maranhão", adverte a dupla de analistas em relatório.

Para eles, os investidores tendem a se concentrar na análise do fluxo de caixa descontado como parâmetro de investimento na empresa, o que poderia gerar quedas no valor das ações. Além disso, a posição cautelosa é reiterada frente ao recuo das ações no último mês, afetadas por um fluxo de notícias negativas.

Petrobras
Para a estatal, o preço-alvo sugerido passou de R$ 49,00 para R$ 51 por ação em 2011. "A despeito do que consideramos um atraente valuation e perspectiva de crescimento, o valor do papel tem tido uma fraca performance recentemente, em baixa de 1% no mês anterior e 8% nos últimos três meses", avaliam os analistas em relatório.

O fraco desempenho das ações é atribuído tanto às incertezas políticas, como aos temores derivados do extenso processo de capitalização da empresa neste ano. No entanto, "a partir de agora, nós esperamos que o mercado comece a atentar para o case fundamentalmente positivo da companhia", dizem McGann e Vegner.

Para 2011, a alta dos preços do petróleo devem ter um impacto relativamente pequeno. No entanto, já em 2012 é projetado um aumento de 6% nos ganhos, refletindo o aumento de US$ 5 por barril no preço a longo prazo e menores quedas de preço do que o projetado.

Valuation justo
Dada a base superior de ativos da companhia e seu perfil de desenvolvimento em relação à seus pares globais, o atual valuation da Petrobras parece justo aos olhos do BofA ML. "Acreditamos que a ação deve ser negociada com um prêmio sobre seus concorrentes, dado o perfil de crescimento".

O banco projeta que os lucros e produção da Petrobras irão performar acima de seus equivalentes setoriais nos próximos anos. Para isso, o aumento da produção de petróleo e a expectativa de que os preços da commodity sigam em alta são pontos essenciais.

Retornos a longo prazo
Os 5 bilhões de barris que a Petrobras comprou do governo federal, como parte do processo de capitalização, são vistos como uma possibilidade de elevar os retornos da companhia na próxima década. A estatal será capaz de rever o potencial de desenvolvimento de seu programa de exploração, em especial entre 2015 e 2020, de um modo que poderia melhorar os retornos a longo prazo, diz o banco. 

"Nós acreditamos que os investidores devem olhar adiante. A partir de agora, acreditamos que a capacidade de crescimento e retorno potencial da companhia têm sido notavelmente melhorados em relação ao que era esperado para antes da capitalização. É hora de seguir e atentar para as perspectivas de valuation e avanço a partir deste momento", concluem os analistas no relatório.