segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

GE projeta crescimento de 25% no país em 2011

Ivo Ribeiro e Vanessa Dezem | De São Paulo
Ferreira, presidente no Brasil: "Nosso portfólio de negócios está em
linha com as necessidades de investimento do Brasil"

Depois do baque sofrido em 2009, a General Electric (GE) espera o
retorno aos altos patamares de crescimento no Brasil a partir de 2011.
Baseada no pacote de investimentos recentemente anunciados
recentemente - de US$ 550 milhões nos próximos três anos - , a
multinacional americana aposta na firmeza da economia brasileira e na
maturação de projetos da GE em implantação. "Nosso portfólio está em
linha com as necessidades de investimentos do país em diversos
setores", disse João Geraldo Ferreira, presidente da operação
brasileira.

"O Brasil agora está preparado para ser a direção de altos
investimentos. A estratégia (da matriz da GE) desloca o foco de
decisões e de crescimento dos EUA para outros países, principalmente
nos emergentes", afirmou Ferreira , em entrevista ao Valor. "Grandes
anos de crescimento vão começar em 2011", informou ele. A previsão de
expansão do faturamento no próximo ano é de 25% sobre 2010, que está
encerrando com cerca de US$ 2,6 bilhões.

A subsidiária brasileira vinha num ritmo firme até 2008, quando
registrou um recorde de crescimento, de 45%, alcançando faturamento de
US$ 3,3 bilhões. Com a retração do consumo em 2009, devido à crise
econômica mundial, o resultado no país teve expressivo recuo, ficando
em US$ 2,5 bilhões.

Com a economia do país crescendo em patamares de 7,5%, o avanço nos
negócios da GE serão da ordem de 5% sobre 2009, lembra o executivo,
nascido em Niterói (RJ) e na companhia desde 2007. Com investimentos
encaminhados pela empresa em vários setores, ele vê um cenário bem
promissor nos próximos três anos.

As projeções de Ferreira se baseiam na carteira de encomendas. A
subsidiária vira o ano com aumento de quase 30% de pedidos fechados,
em US$ 4,6 bilhões, sobre dezembro de 2009. "Toda a expansão virá de
crescimento orgânico, ou seja das atividades existentes [possui 15
instalações industriais no país, com 6 mil empregados]. Isso não
considera potenciais novos investimentos".

O otimismo com as operações no Brasil foi evidenciado em novembro,
quando a GE anunciou o pacote de investimentos de US$ 550 milhões,
para a expansão de fábricas, construção de novas e desenvolvimento de
produtos, tudo acompanhado de parcerias tecnológicas com grandes
empresas nacionais, caso de Petrobras.

O país - mais especificamente a cidade do Rio - foi também o escolhido
para abrigar o quinto centro de pesquisa e desenvolvimento global da
GE. No Brasil, o centro deverá se focar, ao menos no primeiro momento,
na área de óleo e gás e nos gargalos de execução dos clientes da
empresa. "Não posso ainda citar números, mas creio que virão novos
investimentos além desse pacote, voltados principalmente para a área
de infraestrutura", afirmou.

A estratégia da multinacional é justamente alinhar o seu portfólio aos
projetos do governo brasileiro, como os do Programa de Aceleração do
Crescimento-PAC, além de atender necessidades me áreas de
infraestrutura para a preparação do Brasil para os jogos Olímpicos e a
Copa do Mundo.

A empresa está abrindo 400 contratações e prevê mais mil postos de
trabalho até 2013 com os novos investimentos. Além disso, serão
buscados 200 especialistas com PHD para o Centro de Pesquisa no Rio, o
que levou a fazer convênios com várias instituições de ensino no país.

Entre os planos da GE para os próximos anos está a expansão da área de
transportes - dobrando a produção de locomotivas no país -, com a
ampliação da fábrica em Contagem (MG) e a possível construção de uma
nova instalação a partir de 2012, ainda sem local definido. A fábrica
de equipamentos de saúde também está localizada em Contagem e começa a
produzir até março.

A subsidiária pretende ainda retornar à área de iluminação, com a
construção de uma fábrica focada em novas tecnologias, onde deverão
ser investidos US$ 20 milhões. "Com os saltos tecnológicos do
segmento, passaremos a ter produção local, saindo da commoditização e
nos focando nas inovações", disse ele, sem dar mais detalhes. Até
2008, a GE tinha uma fábrica de lâmpadas fluorescentes no Rio, mas
decidiu vender a unidade para a indiana Saratoga diante do baixo valor
agregado do negócio. O segmento de iluminação tem cinco fábricas: três
EUA, México e Hungria.

Desde abril de 2009 no comando da GE do Brasil, o executivo diz viver
um momento extraordinário na multinacional. Ferreira, que antes foi
diretor de marketing para a América Latina, afirma que o foco da
matriz nos mercados emergentes tem alterado inclusive as formas de
comunicação interna da GE. Agora, o presidente mundial da GE, Jeff
Immelt, faz uma conferência mensal com as subsidiárias de países como
Rússia, China e Brasil. "Eu tenho cerca de 15 minutos para falar sobre
como andam os negócios por aqui, porque ele quer estar a par de tudo
no país", relata