quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Investidor vê Grécia, Portugal e Espanha fora do euro

Ye Xie | Bloomberg
08/12/2010

Nove meses antes da Argentina parar de pagar suas dívidas em 2001, Jonathan Binder vendeu todas as posições que tinha em bônus do país, protegendo seus clientes do maior calote soberano já registrado. Agora, ele está apostando que Grécia, Portugal e Espanha vão reestruturar suas dívidas e sair da zona do euro.

Binder, um ex-banqueiro da Standard Asset Management que é hoje o executivo-chefe da Consilium Investment Management de Fort Lauderdale, na Flórida, vem comprando swaps de defaults de crédito (CDS) no último ano para se proteger contra um eventual calote desses três países, assim como da Itália e Bélgica. Ele também está apostando contra os bônus subordinados de bancos da União Europeia.

"Haverá pelo menos uma reestruturação antes do fim do ano", diz Binder, cujo fundo Emerging Market Absolute Return Fund ganhou 17,6% este ano, comparado ao retorno médio de 10% daqueles que investiram em nações em desenvolvimento, segundo a Barclay Hedge, uma firma americana que monitora os fundos de hedge.

Ele tem bastante companhia. Mohamed El-Erian, cujo fundo de mercados emergentes da Pacific Investment Management Co. (Pimco) superou seus pares em 2001 ao evitar a Argentina, acredita que países sairão da zona do euro. A Gramercy, uma firma de investimentos de Greenwich, Connecticut, que gerencia US$ 2,2 bilhões, está comprando swaps na Europa para proteger posições em bônus de mercados emergentes, segundo afirma seu diretor de investimentos Robert Koenigsberger, que se desfez dos títulos da Argentina mais de um ano antes do calote.

"Os rigores cambiais e as armadilhas fiscais que amarraram a Argentina em 2001 e amarram hoje a periferia da Europa são bem parecidos", diz Koenigsberger. "Vemos esses hedges como uma proteção sistemática aos riscos, e não como apostas na reestruturação por si mesma. A decisão será política e não econômica. Uma decisão puramente econômica já teria colocado a Grécia em default."

Os bônus da Grécia e da Irlanda despencaram desde que a primeira-ministra alemã Angela Merkel propôs, em 29 de outubro, forçar os detentores de bônus a dividirem o custo de futuros socorros ao sistema financeiro. Os rendimentos dos títulos gregos de 10 anos subiram 128 pontos-base, ou 1,28 ponto porcentual, desde 28 de outubro, para 11,69%, e os rendimentos dos bônus irlandeses subiram 122 pontos-base para 8,03%.