quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Vale custeará metade da exploração para garantir fabricação de fertilizante

A Vale terá um papel importante na exploração das novas reservas de gás anunciadas ontem pela YPF. As duas empresas fizeram uma parceria para dividir os custos de extração do gás não convencional de parte da jazida de Loma de la Lata. O valor do investimento não foi divulgado. De acordo com a petrolífera, a produção será dividida em partes iguais. Para a Vale, o essencial é ter energia para movimentar a mina de cloreto de potássio na região de Malargüe, em Mendoza, Província vizinha à de Neuquén, dona das reservas.

O projeto da Vale, aprovado recentemente pelo conselho da empresa, é o maior investimento brasileiro já feito na Argentina: cerca de US$ 4,2 bilhões. Segundo a YPF, a mineradora deverá precisar de 1,5 milhão a 2 milhões de metros cúbicos por dia para as suas operações. Devido ao alto volume que consumirá, a opção foi por investir diretamente na exploração da jazida, diminuindo os riscos de que eventuais intervenções do governo afetem o abastecimento.

O empreendimento da Vale consiste na exploração inicial de 2,4 milhões de toneladas por ano de cloreto de potássio, a partir de julho de 2013, podendo crescer gradualmente até 4,3 milhões de toneladas/ano. Praticamente toda a produção será exportada, sobretudo para a fabricação de fertilizantes no Brasil, o que deverá transformar a Argentina em um dos cinco maiores vendedores mundiais do insumo. A agricultura argentina, devido às características do solo, não usa esse tipo de fertilizante. Pela cotação média da tonelada de US$ 300 - estimativa conservadora -, serão US$ 700 milhões anuais em exportações.

Trata-se da quarta grande parceria firmada pela Vale para o desenvolvimento do projeto. Em agosto, a mineradora havia firmado um pacote de obras com três construtoras brasileiras. A Odebrecht ficará responsável pela instalação da mina em si. A Camargo Corrêa entrará na parte ferroviária, restaurando 500 quilômetros de trilhos e construindo um ramal de 368 quilômetros até o porto de Bahía Blanca (Província de Buenos Aires). A Andrade Gutierrez construirá um terminal próprio da Vale, com capacidade para movimentar até 1.600 toneladas por hora, nesse porto.(DR)