quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Itaú prevê forte desaceleração no PIB do terceiro trimestre

Cristiane Perini Lucchesi | De São Paulo
08/12/2010

O time de economistas do Itaú estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano terá importante desaceleração, com aumento de 0,2% ante o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. Esse desempenho é "fraco", admitiu ontem Ilan Goldfajn, economista-chefe é sócio do Itaú BBA.

Segundo ele, o crescimento menor se deve à indústria. Na sua visão, os estoques do comércio estão subindo e o ritmo de alta das importações é maior que o esperado. "Os serviços, no entanto, continuam a todo o vapor", disse, em almoço no banco. Ele acredita em retomada no crescimento da indústria e não vê um processo de "desindustrialização" generalizado.

Ele mantém sua projeção, de crescimento do PIB de 7,6% neste ano e de 4,6% em 2011. Na sua visão, o crescimento menor em 2011, no entanto, se dará mais por conta da alta da Selic, que vai passar para 12,75% no fim do ano que vem, e do esforço fiscal do governo. Ele lembra que, tirada "a contabilidade criativa" e as receitas não-recorrentes do governo, o superávit fiscal primário (exclui os juros) está em 1,6% em outubro. Para passar para 2,5% em 2011 (o Itaú BBA não acredita que o governo chegará na meta de 3,1%) um grande esforço terá de ser feito, com contingenciamento de 22% da despesa discricionária, em relação ao contingenciamento de 11% neste ano.

Alberto Fernandes, diretor-comercial e de produtos do banco, vê as indústrias reclamarem mais do custo Brasil que do câmbio, pois um frete custa no Brasil 40% a 60% a mais que na China. Ele diz que a indústria siderúrgica está sofrendo com o aço mais barato importado, mas, de uma forma geral, a alta nos preços dos produtos exportados pelo país tem compensado o dólar alto. Para Fernandes, a indústria automobilística exporta hoje um terço do que exportava, mas o mercado interno absorveu a produção excedente.

Para o economista-chefe do BTG Pactual e ex-diretor de política econômica do Banco Central, Eduardo Loyo, a demanda final das vendas ao varejo continua forte, com crescimento real de 8% ao ano, mas a indústria de transformação anda de lado. "Há uma discrepância de intensidade rara, de intensidade que não é normal", afirma. Segundo ele, as justificativas que tem sido apresentadas são de uma conjuntura global desfavorável, câmbio excessivamente valorizado que tem aumentado a penetração das importações e uma diferente dinâmica de estoques.