domingo, 12 de dezembro de 2010

Mantega sobe previsão para 2010, mas reduz a de 2011

Luciana Otoni

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avalia que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre deste ano será superior ao 0,5% de crescimento registrado entre julho e setembro. Caso essa projeção se confirme, a taxa no ano se aproximará de 8%. A última estimativa divulgada pelo ministério era de uma alta de 7,5%.

Em meio ao otimismo quanto ao desempenho de 2010, Mantega começa a fazer ponderações sobre 2011, colocando no radar uma perda de ritmo. "Teremos uma pequena desaceleração", estimou durante apresentação do balanço de quatro anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em meados do ano, o Ministério da Fazenda previu uma expansão de 5,5% para 2011, levando o Ministério do Planejamento a elaborar o Orçamento com base nessa estimativa.

Depois disso, a inflação aumentou, o Banco Central adotou medidas para conter a expansão do crédito e há um cenário de política monetária restritiva para os próximos meses. Adicionalmente, haverá um contingenciamento de verbas públicas, que também pode dar uma contribuição para a desaceleração da atividade econômica.

Como consequência, o Ministério da Fazenda decidiu refazer as as projeções e agora indica que o crescimento de 2011 diminuirá para 5%. "Já há uma acomodação", afirmou o secretário de Política Econômica do ministério, Nelson Barbosa. Ao analisar a performance do PIB em 2010, o secretário chamou a atenção para o fato de ter havido uma antecipação dos investimentos e do consumo nos dois primeiros trimestres do ano.

Depois disso, segundo o secretário, houve redução do crescimento entre julho e setembro, com possibilidade de avanço no último trimestre. Nelson Barbosa comentou que é natural que haja flutuações de crescimento entre os trimestres.

Para a área econômica, a transição entre o período da crise financeira internacional e a recuperação da economia brasileira tornou o PIB ainda mais volátil, dificultando as estimativas.

No documento do balanço do PAC, o Ministério da Fazenda não inseriu projeções sobre o desempenho da economia em 2011 e nos anos seguintes. No relatório consta apenas a taxa de crescimento média de 4,6% para o período entre 2007 e 2010.

Um dia após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano, Mantega voltou a dizer que o pico de inflação está localizado em alimentos, itens relacionados a commodities e alguns preços de serviços. O ministro reafirmou que a tendência é de um IPCA mais alto nos meses de janeiro e fevereiro. "Depois haverá um refluxo", disse.

O ministro da Fazenda não quis comentar perspectivas de alteração nos juros básicos, afirmando ser essa uma responsabilidade do Banco Central.