quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Para revista britânica, EUA, zona do euro e emergentes estão em situações divergentes

Divergência na economia mundial pode gerar choque em 2011, diz ‘Economist’

Para revista britânica, EUA, zona do euro e emergentes estão em situações divergentes

09 de dezembro de 2010 | 19h 14
Daniela Milanese, da Agência Estado
LONDRES - As três principais forças econômicas mundiais engatam caminhos completamente diferentes e trazem o risco de choques em 2011, aponta a The Economist desta semana. Os Estados Unidos, a zona do euro e os emergentes encontram-se em situações divergentes, com perspectivas de crescimento distintas e ações políticas contraditórias.
Os emergentes vivem uma fase de forte aquecimento econômico, com relevante fluxo de capitais. "Preocupações isoladas sobre bolhas de ativos foram substituídas pelo medo de um amplo superaquecimento", diz a revista.
Para os preços pararem de subir, a maioria dos emergentes terá de apertar a política monetária no próximo ano. Se apertarem muito, argumenta a Economist, o crescimento pode desacelerar fortemente. Se fizerem pouco, é um convite para a inflação elevada e a necessidade de restrição maior depois. "De qualquer forma, as chances de um choque macroeconômico dos emergentes estão subindo abruptamente."
A publicação avalia que a zona do euro é uma fonte óbvia de estresse. No curto prazo, o crescimento vai desacelerar em razão dos cortes de gastos na região. Na Alemanha, a consolidação fiscal é voluntária, "até masoquista". Mas os países da periferia, como Irlanda, Portugal e Grécia, não têm opção. "As consequências financeiras da mudança para um mundo onde um país da zona do euro pode ir ao colapso só estão começando a se tornar claras", avalia a revista. "Uma confusão ainda maior parece certa em 2011."
Os Estados Unidos se movem definitivamente na direção contrária da austeridade fiscal, ao renovar os estímulos fiscais do governo Bush. "Quando isso vem junto da continuada compra de títulos pelo Federal Reserve, os EUA estão se injetando outra dose de estímulo de esteroides bem quando a Europa está em reabilitação."
A estratégia pode resultar na alta da produção industrial e redução do desemprego, embora não rapidamente. Mas a Economist avalia que também existem riscos na opção feita pelos EUA, já que Barack Obama e os republicanos nem tentaram chegar a acordo sobre um plano de consolidação fiscal para o médio prazo. "Um número crescente (de investidores) está preocupado com o tamanho do buraco fiscal", diz a revista. "Se essas preocupações continuarem, os Estados Unidos podem ver o colapso do mercado de títulos em 2011."
A publicação avalia que as divergências entre as três forças econômicas irão compor o risco de cada uma. A política frouxa dos EUA e as tensões sobre a dívida soberana na Europa farão o capital migrar para os emergentes, tornando os bancos centrais mais relutantes em elevar os juros e combater a inflação. Ao invés de um rebalanceamento, a economia mundial no futuro imediato irá tender ainda mais para uma divisão entre um Ocidente dominado pelo endividamento e um Oriente próspero, afirma a revista. "Uma economia mundial mais dividida pode fazer de 2011 um ano de choques prejudiciais."