quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bolsa é investimento de longo prazo, e não cassino

GILBERTO BRAGA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há uns três anos, um conhecido se gabava numa roda de bate-papo de que comprava todos os IPOs (ofertas públicas iniciais) na Bolsa e vendia na primeira semana.
Embolsava ganho de 25% sobre o valor investido. Consta que esse investidor comprou um bom imóvel em dois anos, só com essa estratégia.
A crise do fim de 2008 derrubou as Bolsas mundo afora, acabou com a febre dos IPOs e impôs perdas a muitos investidores retardatários, que parece que entraram no mercado a partir de 2007 para pagar a conta da festa dos que saíram na hora certa.
O ano de 2009 foi o epicentro da crise e ainda muito ruim, com a paralisação das ofertas públicas. Já em 2010 houve uma recuperação do Ibovespa, e as perspectivas para 2011 são de novidades e agitação na BM&FBovespa.
Mirando nas operações que estão em análise na CVM e mais o que se especula, espera-se que em 2011 ocorram entre 40 e 50 ofertas públicas (iniciais ou secundárias) de valores mobiliários, que movimentarão mais de R$ 50 bilhões.
A operação de capitalização da Petrobras em 2010 foi um sucesso, que atraiu muitos novos investidores pessoas físicas para a Bolsa com valores pequenos. Bancos e corretoras estão de olho nesse novo público e na nova festa que está sendo armada.
O aplicador em ações deve saber que a Bolsa é um investimento de longo prazo, na qual não se deve usar recurso com destinação certa. O dinheiro da viagem ao exterior, da intermediária da casa própria não deve ir para as ações, mas para aplicação de renda fixa, de baixo risco, como poupança, fundos, CDB.
Na Bolsa, só devem ser investidos recursos extras, para os quais você esteja disposto a ganhar muito ou a perder, caso precise se desfazer das ações em momentos de cotações em baixa.
Quando se diz que a Bolsa é aposta para o futuro, é porque num horizonte de tempo mais longo os preços das ações tendem a se comportar na mesma direção que o crescimento do país, livrando-se das oscilações conjunturais.
Para quem não é especulador profissional, acreditar nos fundamentos da economia é a solução. Por isso, o lucro fácil até pode acontecer na nova festa que parece estar sendo preparada, mas a Bolsa não deve ser vista como um cassino em que um apostador vai tirar a sorte grande numa única noitada.