quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Itau comenta dados de Crédito

Medidas macroprudenciais reduzem ritmo das novas concessões

O Banco Central divulgou hoje pela manhã o relatório de política monetária e operações de crédito do mês de dezembro. O relatório confirmou que as medidas macroprudenciais iniciadas pela instituição no inicio do mês passado tiveram efeito nas novas concessões do sistema financeiro, principalmente no segmento pessoa física.

A média diária das novas concessões pessoa física (em termos reais dessazonalizados) caiu 10,5% MoM no mês de dezembro. Com isso, a média diária das concessões retornou para o mesmo patamar do mês de maio de 2010. A média móvel trimestral passou de 1,1% em novembro para -2,2% em dezembro. Em doze meses, a taxa de crescimento real das novas concessões pessoa física caiu de +23,0% em novembro para apenas +9,0% em dezembro (menor nível de expansão desde setembro de 2009).

Por modalidades de crédito, as maiores quedas mensais (em termos reais dessazonalizados) foram registradas em aquisição de veículos (-12,9%) e cartão de crédito (-10,4%). Nossa medida de núcleo pessoa física (exclui cheque especial, cartão de crédito e veículos) retraiu 3,9% no período. Essa queda é menor que a do segmento pessoa física como um todo, justamente por retirar as modalidades de crédito mais atingidas pelas medidas.

Em linhas gerais, as condições de crédito pioraram de forma modesta em pessoa física no mês de dezembro: i) a taxa de juros real pré fixada PF subiu de 32,3 para 33,4; ii) o spread nominal aumentou de 27,3 para 28,5. Já o prazo médio continuou aumentando e passou de 551 para 561 dias. A taxa de inadimplência 90 dias caiu ainda mais, indo de 5,8% em novembro para 5,7% em dezembro (em meados de 2009 estava em 8,4%).

A média diária das novas concessões pessoa jurídica (em termos reais dessazonalizado) recuou 6,6% MoM no mês de dezembro. Em termos de nível, a média diária retornou ao mesmo patamar de dezembro de 2009, praticamente anulando todo o crescimento real em doze meses (+0,5%). A média móvel trimestral das novas concessões pessoa jurídica passou de 1,1% em novembro para -1,3% em dezembro.

As modalidades de crédito mais responsáveis por esta queda foram conta garantida, duplicata e aquisição de bens. Entretanto, ao contrário do segmento pessoa física, os recuos foram relativamente disseminados entre as diversas modalidades. Nossa medida de núcleo PJ (inclui duplicata, promissórias, capital de giro e conta garantida) acompanhou a queda do dado geral, caindo 6,9% MoM.

As condições de crédito melhoraram no segmento pessoa jurídica: i) a taxa de juros real pré fixada caiu de 32,4 para 30,7; ii) o spread nominal recuou de 17,9 para 17,0 e; iii) prazo médio aumentou de 395 para 400 dias. A taxa de inadimplência, porém, continuou subindo, passando de 3,7% em novembro para 3,8% em dezembro. Esse nível já é próximo dos 4,0% alcançados em fins de 2009 (pico da crise).

Finalmente, o estoque de crédito como proporção do PIB continuou se expandindo passando de 46,3% para 46,6%. Como em outros meses, tanto crédito livre (30,4% para 30,6%) quanto direcionado (15,9% para 16,0%) contribuíram para este resultado de aumento do estoque de crédito.

Adriano Lopes