quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Oferta de ações no início do ano pode atingir R$ 6,7 bi

Oito empresas farão captações em fevereiro, atrás de recursos para investir

Teve início ontem o período de reserva para o maior negócio do bimestre, da petrolífera da Queiroz Galvão

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O mercado brasileiro começa o ano agitado, com oito ofertas de ações agendadas para fevereiro, que podem movimentar até R$ 6,7 bilhões. O valor se aproxima do recorde do primeiro bimestre de 2007 (R$ 6,792 bilhões).
O bom momento da economia brasileira e a diminuição da instabilidade externa estimulam as operações.
As companhias querem recursos para investir e aproveitar a alta do consumo interno, puxada pelo crescimento da renda, a exploração do pré-sal e as obras de infraestrutura da Copa-14 e da Olimpíada de 2016.
Das oito operações previstas, quatro são ofertas públicas iniciais (IPOs, quando a empresa ainda não têm papel negociado em Bolsa), e quatro, ofertas subsequentes (follow-ons, quando a companhia já têm ações listadas).
Começou ontem a reserva para comprar ações da Queiroz Galvão Exploração e Produção. O IPO da petrolífera é a maior oferta prevista para fevereiro e pode movimentar até R$ 2,7 bilhões.
As outras empresas que estão vendendo ações no mercado pela primeira vez são a loja de sapatos Arezzo, a administradora de shoppings Sonae Sierra e a empresa de autopeças Autometal (veja ao lado as datas de reserva).
"A consolidação do consumo nas classes C, D e E cria um momento propício para o varejo", observa Paulo Sérgio Dortas, sócio da área de IPOs da Ernst & Young Terco.
A projeção da consultoria é que os IPOs movimentarão mais de R$ 30 bilhões neste ano. O presidente da Bolsa, Edemir Pinto, disse à agência de notícias Bloomberg que esse valor pode facilmente superar a marca recorde de 2007 (R$ 55,6 bilhões).
A Ernst & Young Terco prevê 40 IPOs no Brasil em 2011 -dez no Bovespa Mais, segmento de pequenas empresas. A maior dificuldade em revender papéis dessas companhias não afastará investidores, diz Alberto Kiraly, vice-presidente da Anbima.
Ele considera que o mais importante é estabilidade externa, pois os estrangeiros costumam levar 60% do volume ofertado: "O otimismo com o Brasil deixa em segundo plano a questão da liquidez [facilidade em vender]".
Até novembro de 2010, houve 1.199 IPOs no mundo, segundo a Ernst & Young Terco, mais do que o dobro do total de 2009 (577). O volume movimentado já era 127% maior (US$ 255,3 bilhões).
O Brasil teve apenas 11 IPOs em 2010 (R$ 11,1 bilhões). Muitas empresas adiaram para 2011 suas ofertas por causa da megacaptação da Petrobras (R$ 120 bi).