quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cinco bancos estão interessados no Panamericano

Bradesco, Santander, Safra, BTG Pactual e um banco estrangeiro estão disputando a compra da instituição controlada pelo empresário Silvio Santos

David Friedlander - O Estado de S.Paulo

Desde que o Panamericano foi colocado à venda, depois da descoberta de um rombo bilionário em suas contas, pelo menos cinco bancos já manifestaram interesse na participação que o empresário Silvio Santos possui na instituição. Fontes que participam do processo citam, entre eles, Bradesco, Santander, Safra e BTG Pactual, além de uma instituição estrangeira que mandou representante, mas ainda não se identificou.

Segundo o Estado apurou, nenhum desses bancos fez proposta firme até agora. A maioria se manifestou em novembro e dezembro, logo depois que o escândalo veio a público. Alguns efetivamente olharam os principais números do Panamericano, outros apenas avisaram que podem vir a negociar os 37,27% de Silvio Santos, dependendo das condições.

O último a aparecer foi o tal banco estrangeiro que não tem operações no Brasil, ainda não quer revelar o nome e contratou um consultor para representá-lo no processo. Procurados, Bradesco, BTG e Santander responderam, por meio de suas assessorias, que não comentariam rumores de mercado. A assessoria do Safra não foi localizada.

Balanço. Antes de dar início a qualquer negociação efetiva, os bancos querem ver o balanço do terceiro trimestre de 2010 do Panamericano, que até hoje não foi divulgado. A apresentação desses resultados já foi adiada duas vezes e agora está prometida para o próximo dia 31.

Sem avaliar esse balanço, fica impossível saber se o aporte de R$ 2,5 bilhões foi suficiente para sanear as contas, se o banco tem outros problemas e qual é a situação da instituição hoje. "Ninguém vai fazer nada sem ver o balanço", diz uma fonte que participa do processo. "Dependendo do que ele apresentar, quem já mostrou interesse seguirá em frente ou não".

Os bancos colocaram o Panamericano no radar porque, dos bancos pequenos, ele é um dos maiores. É forte em crédito consignado e no financiamento de veículos. Possui uma carteira com mais de 2 milhões de clientes, fortemente concentrados nas classes C e D, e tem uma rede de distribuição com 170 pontos de venda espalhados pelo País. De quebra, tem como sócia a Caixa Econômica, com 36,56%.

Depois da descoberta do rombo, a Caixa passou a dar as cartas no Panamericano e a desenvolver uma série de ações para recuperar o banco. Pelo acordo de acionistas, a Caixa precisa aprovar a entrada de um eventual novo sócio no lugar de Silvio.

Preço. Para chegar a um acordo, candidatos à compra da participação de Silvio Santos no Panamericano precisarão negociar também com os executivos da Caixa e do Fundo Garantidor de Crédito. Até agora, antes da divulgação do balanço, eles trabalham com um preço superior a R$ 1 bilhão para vender o banco.

Enquanto o balanço atrasado não sai e os candidatos não se definem, a especulação corre solta na BM&FBovespa. Nos últimos 11 dias, as ações do Panamericano subiram 29%.

PARA LEMBRAR

A fraude bilionária no Panamericano está sendo investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. O caso veio a público em novembro, depois que o Banco Central encontrou um rombo estimado em R$ 2,5 bilhões na contabilidade do banco. Basicamente, executivos são acusados de maquiar os balanços para esconder resultados ruins. Toda a direção do Panamericano foi demitida. As autoridades investigam também a suspeita de desvio de dinheiro, mas até agora não há notícia de que tenham sido encontrados indícios de desfalque.