quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Além de Petróleo, Líbia pode contaminar mercados através de fundo soberano

InfoMoney

SÃO PAULO - Em que medida a crise política na Líbia pode causar danos à economia global?  Além dos preços do petróleo e da maior aversão ao risco, a resposta pode estar na LIA (Libyan Investment Authority), fundo soberano do país africano, cujo tamanho pode potencializar um possível contágio.

Além da questão pontual da Líbia, o cenário pode servir como prova da forma que algumas economias desenvolvidas saíram da crise expostas a fundos soberanos, muitos deles geridos por países que recorrentemente enfrentam instabilidades políticas e sociais.

O fundo LIA, criado em 2006 e responsável pela gestão de US$ 70 bilhões em ativos, detém participações consideráveis em companhias e bancos de peso de países desenvolvidos, o 13° maior do globo, de acordo com o Sovereign Wealth Fund Institute. Na liderança do ranking está a Abu Dhabi Investment Autority, com ativos estimados em US$ 627 bilhões.

Itália é a mais exposta
Dentre os países mais expostos a participações da Líbia, destaca-se a Itália, a qual já se encontra frente a questionamentos quanto à sua solidez fiscal, juntando-se a Portugal, Irlânda, Grécia e Espanha no acrônimo que representa a crise da dívida Europeia - o famigerado PIIGS.

Só junto ao UniCredit, maior banco da Itália, o fundo controlado pelo governo de Muammar Khaddafi detém 7,5% de participação. Ao final de 2009, o banco apresentava € 928,8 bilhões em sua base de ativos e mais de 165 mil funcionários.

Ainda na Itália, o fundo líbio possuí 7,5% da tradicional Juventus Football Club e 2% da Fiat, além de 2% de participação em uma joint-venture formada com a Finmeccanica - empresa do setor aereoespacial e de defesa, de acordo com agência internacionais.

Reino Unido e o setor imobiliário
Já no Reino Unido, as operações da Libyan Investment Authority estão concentradas no setor imobiliário, com propriedades em Londres que, quando somadas, estão avaliadas em mais de £ 275 milhões. Segundo o jornal britânico The Guardian ainda existem projetos que preveem a injeção de mais alguns bilhões de dólares nos próximos anos.

Porém, o setor financeiro do Reino Unido também se encontra exposto à crise na Líbia, dado que o British Arab Commercial Bank, baseado em Londres, tem 83,5% de suas ações sob controle do país norte-africano, tanto através do fundo soberano, quanto pelo Libyan Foreign Bank e pelo Banco Central da Líbia.

Ainda na Europa, o fundo responde pelo controle absoluto da Verenex Energy, que desenvolve projetos de exploração e produção de petróleo na França, dentre outros países fora do continente, como o Canadá.