quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Petróleo deve aumentar peso geopolítico do Brasil, diz ‘Economist’

Sílvio Guedes Crespo, Radar Econômico

O "boom" do petróleo brasileiro contribuirá para o País se tornar uma "potência global", desde que se consigam vencer os obstáculos inerentes às recentes descobertas, avalia a revista "The Economist", em sua mais recente edição.

"Tornar-se um exportador de petróleo poderia completar um processo de desenvolvimento que começou com o controle da hiperinflação em 1994. [...] Petrodólares vão impulsionar a poupança nacional – atualmente de apenas 16% do PIB [produto interno bruto] -, abrindo espaço para o Brasil melhorar sua decrépita infraestrutura. E o petróleo contribuiria para o peso geopolítico de um país ávido por se afirmar como potência global."

Tirar o melhor proveito possível dessas condições, no entanto, não será fácil, na opinião da revista. A publicação lembra que todas as nações que teve grandes descobertas de petróleo está sujeita a diversos males.

Por exemplo, absorção de capital (processo em que investimentos que poderiam ir para áreas necessárias acabam sendo desviado para o setor de petróleo, mais pujante), doença holandesa (em que as exportações da commodity elevam a moeda nacional de forma a prejudica outras indústrias) e a desistência de reformas (quando os governos deixam de lado problemas estruturais por verem um horizonte promissor devido às riquezas do petróleo).

No caso do pré-sal, especificamente, existe a dificuldade de explorar o petróleo localizado a mais de 6 mil metros abaixo do nível do mar.

Em relação à Petrobrás, a revista levanta possibilidade de interferência política. Por um lado, lembra que a empresa tem tomado decisões alheias ao objetivo dos acionistas, como a de não aumentar o preço do petróleo na mesma proporção do verificado internacionalmente.

Por outro lado, a publicação lembra que, em comparação com outras estatais da América Latina, como a mexicana Pemex e a venezuelana PDVSA, a Petrobrás ainda é mais "enxuta e forte".