terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Seis categorias de ações

Fonte: CHR Investor

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O que você espera do ativo que acabou de comprar? Uma valorização de 500% mesmo que tenha que ficar posicionado 2 anos ou apenas um retorno de 3% em 2 dias?

Talvez estas perguntas pareçam banais para os mais ansiosos mas elas são fundamentais para que se possa definir os objetivos de um investimento. Principalmente, se pensarmos que existem empresas de diversos tamanhos na bolsa.

O tamanho de uma empresa tem muito a ver com aquilo que você pode esperar em relação a ação. Ou você acredita que uma Petrobras ou uma Vale possa se valorizar 500% em 2 anos? Muito difícil, para não dizer quase impossível.

Normalmente, as grandes empresas não têm grandes variações de preços de ações. Os grandes movimentos de cotações são mais comuns em empresas menores.

Esse exemplo tem o intuito de mostrar que antes de se fazer qualquer investimento é fundamental que definamos o tipo de empresa que estamos analisando. Desta forma, adequando os ensinamentos de Peter Lynch ao mercado brasileiro, listei abaixo as seis categorias que servirão de guia para o investidor:

Ações de crescimento lentoEmpresas que tem um crescimento da receita e dos lucros bem próximo do crescimento do PIB do país onde estão sediadas. Muitas vezes, são empresas que já passaram por períodos de crescimento acelerado e agora seja em razão de terem ido o mais longe possível, seja pelas limitações impostas pelo mercado em que atuam, reduziram o ritmo. Um sinal definitivo destas ações é que elas são boas pagadoras de dividendos. As ações das empresas dos chamados setores defensivos (elétrico, telefonia, saneamento,etc) são um bom exemplo de ações de crescimento lento.

Ações de crescimento rápido -  Normalmente são ações de empresas menores e que crescem acima de 20% ao ano. Podemos encontrar estas empresas em quase todos os setores. Aliás é bom frisar, que nem sempre o crescimento rápido de uma empresa está relacionado ao crescimento rápido do setor em que ela atua. Uma boa administração e um programa de investimento eficiente pode propiciar resultados excelentes bem acima da média do setor.

Mas lembrem-se: como tudo no mercado financeiro, uma expectativa de maior rentabilidade normalmente é acompanhada de um nível de risco maior. Empresas menores possuem menor liquidez e necessitam de um bom financiamento para continuarem a atender as expectativas dos acionistas. Caso contrário, elas perecem e passam a fazer parte da primeira categoria.

Peter Lynch sempre salientou que as "empresas de rápido crescimento são as grandes vencedoras do mercado de ações". Possuir apenas uma empresa destas no portfólio pode fazer toda a diferença na rentabilidade final da carteira.

Ações Cíclicas – São ações de empresas que variam de tendência dependendo do ciclo que se encontram. Empresas dos setores siderúrgico, aéreo e de commodities podem fazer parte desta categoria. Quando assumem uma tendência, se movimentam com rapidez. Neste caso, o "momentum" é essencial nas ações cíclicas, e você deve ser capaz de identificar os primeiros sinais de que o negócio está perdendo ou ganhando ritmo.

Muitas vezes a movimentação abrupta deste tipo de ação traz fortes prejuízos para o investidor desavisado. Esta categoria, via de regra, é composta por empresas grandes e sólidas, que o investidor trata como seguras. Quando a ação começa a cair forte não significa que a cia esteja passando por alguma dificuldade, mas apenas se ajustando dentro do novo ciclo em curso.

Ações confiáveis – São ações de empresas tradicionais, com receitas bilionárias e que crescem entre 10% e 15% ao ano. Você não encontrará grandes variações nos gráficos das ações desta categoria.

Ações confiáveis devem fazer parte de todo e qualquer tipo de portfólio. Elas serão responsáveis pela estabilidade da carteira. São empresas que você tem certeza (ou quase…) que não irão a falência.

Não espere que a ação confiável que você escolheu lhe propicie um retorno bem acima da média do mercado; isso não irá acontecer. Mas sem dúvida, lhe permitirá passar momentos menos tensos quando a volatilidade do mercado disparar em uma correção mais intensa.

Ações em recuperação – Estas ações são de empresas que praticamente não crescem. São potenciais fatalidades. Sem dúvida, elas representam um risco alto, mas ao mesmo tempo podem propiciar um retorno bem acima do "benchmark". A melhor coisa em investir em ações em recuperação bem sucedidas é que, de todas as categorias de ações, suas altas e baixas estão menos relacionadas ao mercado em geral.

Não é fácil encontrar uma boa ação desta categoria. É preciso estudar e acompanhar a empresa de perto. Normalmente investidores que trabalham na própria empresa ou no setor ("insider trading") levam uma boa vantagem.

Ações com ativos ocultos – São ações que possuem algum ativo valioso em seu balanço mas que ainda não foi identificado pelo mercado. Estas ações, sem dúvida, são as mais difíceis de serem encontradas. Isso porque, hoje em dia, com tanta informação correndo pelas mídias financeiras, encontrar alguma oportunidade que tenha passado por este filtro é muito difícil. Além disso, encontrando este tipo de ação é preciso ter muita paciência, afinal de contas, pode demorar um bom tempo, até que o mercado reconheça a distorção existente.

Um pré-requisito básico para encontrar este tipo de ação é ter familiaridade com os balanços contábeis das cias.

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Como já citei acima, as ações não permanecem "ad eternum" na mesma categoria. Ações de crescimento rápido, por exemplo,  não podem manter um crescimento acima de 20% para sempre, e cedo ou tarde, acabam cedendo e se acomodam em níveis de crescimento correspondente a ações de crescimento lento e a ações confiáveis.

Além disso, algumas ações podem pertencer a mais de uma categoria.

Em resumo, este artigo tem o intuito de fornecer ferramentas para que você saiba identificar quando as tuas expectativas não correspondem com o perfil da empresa que você pretende investir.

Se antes de fazer qualquer investimento você souber em que categoria se encontra a ação que está analisando, sem dúvida, poderá traçar uma estratégia que esteja amparada em objetivos mais realistas.

Como escreveu Peter Lynch, "distribuir as ações por categorias é o primeiro passo na análise da sua história. Pelo menos agora você sabe que tipo de história deve ser. O próximo passo é preencher as lacunas que o ajudarão a adivinhar como será o desenvolvimento dessa história".