Priscilla Arroyo, Brasil Economico
O ex-ministro e economista acredita que o país deve deixar, em breve, a Zona do Euro e prevê crescimento do bloco econômico abaixo de 2% nos próximos cinco anos.
Desde o começo da semana a instabilidade política na Grécia vem refletindo de maneira negativa nos mercados acionários de todo o mundo.
A população grega, indignada com as medidas de austeridade, não legitimou nenhum governo nas eleições do último domingo (6/5).
Os partidos teriam então que chegar a um acordo para formar um novo governo de coalizão. Até agora nenhum entendimento foi anunciado e provavelmente deve ocorrer uma nova eleição no país.
Na avaliação do economista e ex-ministro, Delfim Netto, não existe nenhuma saída para a Grécia. "O país deve deixar em breve a Zona do Euro e os gregos terão a pior surpresa do mundo: eles vão sofrer ainda mais com essa mudança do que sofreriam se tivessem aceitado o programa [de austeridade] proposto".
O professor defende ainda que é possível aliar uma agenda de crescimento com medidas de austeridade nos países europeus. "Mas isso não pode ser feito aumentando a dívida, nem o déficit, e sim aumentando a tributação para possibilitar os investimentos".
Tal proposta está implícita no plano de governo de François Hollande, novo presidente da França. "Não será uma tarefa fácil", destaca.
O economista prevê fraco desempenho na economia da Europa nos próximos cinco anos. "A taxa de crescimento não será mais do que 2%, na média. Alguns países podem até crescer mais, mais o ajuste no continente é complicado", comenta.
Quanto a possíveis reflexos negativos no Brasil em consequência da crise no velho continente, o ex-ministro da Fazenda é otimista. "O Brasil será menos afetado, pois conta com o mercado interno, que está expandindo e é sobre ele que devemos focar atenção agora", conclui.