quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Emergentes são o novo eixo do crescimento, dizem analistas

Brasil precisa investir, avalia evento de Columbia, ACRJ e O GLOBO

Por FABIANA RIBEIRO

Marcos Troyjo ressalta o crescimento da China, "que passa a ocupar o lugar do Japão"

O mapa geográfico do crescimento mundial mudou. E são os emergentes, como o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), os protagonistas dessa transformação, afirmaram ontem especialistas na conferência "Brasil e Brics — A retomada do crescimento global", evento promovido pela Universidade Columbia em parceria com a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e O GLOBO. Mediaram os debates Merval Pereira, colunista do GLOBO e membro da Academia Brasileira de Letras, e Joe Leahy, correspondente do "Financial Times" no Brasil.

— O Brics é um tema atual, que levanta discussões, que abre polêmicas — disse Antenor de Barros Leal, presidente da (ACRJ), ao abrir o evento.
Recursos naturais, pouca tecnologia

Marcos Troyjo, codiretor do BricLab de Columbia e professor do Ibmec, comparou o crescimento de Brasil e China. Citou que, enquanto a economia brasileira saiu de US$ 200 bilhões em 1978 para US$ 2,5 trilhões em 2011, a chinesa foi de US$ 56 bilhões para US$ 7,6 trilhões nesse período:

— A China passa a ocupar o lugar do Japão no crescimento mundial.

Christian Deseglise, codiretor do BricLab e diretor de Global Asset Management do HSBC, lembrou que de 1992 a 1995, o crescimento global era dividido por Japão, Europa e EUA, com fatias de 40%, 30% e 20%, respectivamente. Mas, de 2005 a 2010, mostrou, os emergentes responderam por cerca de 60% do crescimento mundial; Europa, por 30%; e os EUA, por 15%.

— O FMI já projeta que, para 2012, 80% do crescimento virão do Brics. E, sem dúvida, o principal motor é a China — disse Deseglise, ressaltando, porém, que a China está mudando seu modelo de crescimento, do investimento para o consumo interno. — Em cinco anos, a China será o maior mercado consumidor do planeta.

Já Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Fazenda e presidente do Conselho Empresarial do Políticas Econômicas da ACRJ, disse que o crescimento brasileiro vem sendo sustentado pelo consumo e que é preciso mudar:

— Um modelo que pensa em investir tem um visão de futuro. É disso que o Brasil precisa.

Na avaliação de Thomas Trebat, diretor do Columbia Global Center, o Brasil, a despeito de avanços econômicos e sociais, tem uma economia baseada em recursos naturais, o que envolve pouca tecnologia, baixa inovação e gera poucos empregos. Ainda assim, é um lugar atraente para investidores.