quarta-feira, 13 de março de 2013

O Brasil no mapa global de comércio e investimentos

Por Marcos Troyjo - Diretor do BRICLab da Universidade Columbia e professor do Ibmec
Brasil Econômico

O padrão brasileiro de busca do crescimento tem favorecido mais do que apenas o consumo acima do investimento. Mais do que pontuais incentivos para setores abençoados pela política industrial. Trata-se de abordagem que não prioriza interação mais incisiva com a economia global.
Do ponto de vista das relações internacionais, revela-se a falta de um projeto brasileiro sofisticado em termos de influência e prosperidade. No Brasil de hoje, onde a expansão econômica atrofiou-se há mais de dois anos, colhemos o resultado de preferências ideológicas, com forte ênfase em afinidades políticas e menos atenção ao pragmatismo econômico.

Globalmente, o discurso político do Brasil tem soado muito mais alto do que suas conquistas econômicas internacionais. Sua ideia de reputação mundial está entrelaçada com a atualização do sistema das Nações Unidas para, então, tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança.

Fortalecer os laços entre os países latino-americanos e saudar os benefícios da cooperação Sul-Sul também são prioridades. Em suma, uma tentativa de inserção permeada por "boas intenções" e relações "equilibradas" com os principais atores do mundo. Movimentos, por parte do Brasil, de construção de parcerias políticas estratégicas que pudessem trazer benefícios econômicos, têm sido unilaterais.

O comércio com a China aumentou dez vezes na última década. Mas tal expansão foi impulsionada principalmente pelo crescimento dramático da China e seu resultante apetite voraz por commodities minerais e agrícolas em que o Brasil tem vantagens comparativas.

O resultado? Uma tonelada de exportações brasileiras para a China vale cerca de US$ 200. Uma tonelada de exportações chinesas para o Brasil vale mais do que US$ 2 mil. Isso dificilmente poderia ser chamado de "parceria".

As diversas geometrias promovidas pelo Brasil na América Latina, seja usando o Mercosul, a União de Nações Sul-Americanas ou a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, têm rendido abundantes discursos sobre um mundo mais equânime, mas poucos resultados econômicos tangíveis.

A recuperação da competitividade brasileira, de forma estrutural, demorará a acontecer. Não basta manobrar o câmbio e baixar a taxa de juros. É preciso mergulhar na modernização microeconômica.

Melhorar o ambiente de negócios, agilizar procedimento de abertura e fechamento de empresas. Tirar do ombro do empreendedor uma carga tributária consumidora de recursos que poderiam ser destinados à inovação tecnológica e à modernização administrativa. Tornar as relações trabalhistas mais ágeis.

Mas não vejo vontade nem ambiente político propício, ainda mais após dois anos de baixo crescimento, para essas reformas serem efetivadas antes das próximas eleições presidenciais. É como se a construção sustentada do futuro econômico no Brasil estivesse congelada até janeiro de 2015.

O Brasil deve decidir, com alguma urgência, qual seu lugar no mapa do comércio e do investimento no século 21. Ainda mais no contexto de EUA e Europa trabalharem entre si em prol de um acordo de livre comércio.

Se o Brasil fizer as escolhas certas agora, poderá usar a produtividade e competitividade de sua agroenergia para promover uma economia intensiva em tecnologia e globalmente conectada aos mercados mais importantes do mundo.