21/12/2010
O trem-bala entrou no radar do empresário Eike Batista, controlador do
grupo EBX. O Valor apurou que executivos que representam seus negócios
já analisam propostas de consórcios para se engajar na disputa pela
obra de R$ 33,1 bilhões. Embora ainda não haja acordo formalizado, a
equipe de Eike tem mantido relação próxima com o consórcio coreano, o
único pronto para apresentar uma proposta comercial no leilão que
ocorreria dia 16, mas que foi adiado para 29 de abril de 2011.
O peso que Eike Batista pode adicionar à disputa do trem-bala não é
pequeno. Os movimentos recentes do empresário aproximam seus
interesses aos dos coreanos. Em setembro, ele surpreendeu o mercado ao
anunciar a venda de 11% de sua mineradora MMX para o conglomerado
coreano SK Networks, numa transação de US$ 700 milhões. Na lista das
22 empresas que hoje compõem o consórcio coreano para a disputa do
trem-bala, um dos principais parceiros é a SK C&C, divisão do
conglomerado sócio da MMX.
Pelo lado do entretenimento, o trem-bala pode ser um projeto crucial
para as novas investidas de Eike. Não é de hoje que o empresário está
de olho nos negócios que serão gerados com a Olimpíada de 2016, no
Rio. Em agosto, ele obteve linha de financiamento de R$ 146,5 milhões
do BNDES para reformar o Hotel Glória, um dos mais tradicionais da
orla carioca, que comprou em 2008. Nos últimos meses, também
reestruturou a Real Estate X, empresa do grupo EBX que atua no mercado
imobiliário. O mais provável é que a entrada do executivo no trem-bala
se dê por meio dessa empresa.
O interesse de Eike Batista no trem-bala marca a entrada de
incorporadoras imobiliárias nas negociações do projeto. O adiamento do
leilão abriu espaço para a busca de novas parcerias. "Até agora pouca
gente deu atenção aos negócios que serão gerados com a construção de
hotéis, shoppings e com a nova concepção urbanística que as estações
do trem vão gerar", diz o líder de um consórcio que preferiu não se
identificar. "Em investimentos, esses projetos imobiliários envolvem
valores equivalentes ao do trem-bala". Eike não é o único interessado.
Analisam o projeto a Brookfield, Cyrela Brazil Realty, WTorre e JHSF.
Procurados, o grupo EBX e o consórcio coreano não comentaram o assunto.