Por: Juliana Pall Farias
São poucas as ações que escapam das perdas acumuladas pelo mercado acionário brasileiro em 2008. Para se falar em números, entre os 64 ativos que compõem o Ibovespa - principal benchmark da renda variável doméstica - 40 apresentava, até o fechamento do pregão de 10 de março, variação negativa no acumulado do ano.
São poucas as ações que escapam das perdas acumuladas pelo mercado acionário brasileiro em 2008. Para se falar em números, entre os 64 ativos que compõem o Ibovespa - principal benchmark da renda variável doméstica - 40 apresentava, até o fechamento do pregão de 10 de março, variação negativa no acumulado do ano.
| Os papéis do Ibovespa no vermelho em 2008 | |||
(40,61%) | (26,22%) | (24,97%) | (21,60%) |
(17,91%) | (15,67%) | (15,57%) | (13,87%) |
(13,01%) | (12,91%) | (12,67%) | (12,19%) |
(11,66%) | (11,56%) | (11,27%) | (10,92%) |
(10,88%) | (9,90%) | (9,69%) | (9,61%) |
(9,24%) | (9,24%) | (8,25%) | (8,11%) |
(7,74%) | (7,67%) | (7,56%) | (7,29%) |
(6,91%) | (6,85%) | (6,09%) | (5,81%) |
(5,54%) | (5,07%) | (4,89%) | (4,24%) |
(2,82%) | (2,55%) | (0,65%) | (0,56%) |
Ainda que a extensão dos impactos da crise na economia norte-americana sobre os mercados emergentes não seja conhecida, os temores de recessão na maior potência global penalizam grande parte dos papéis listados na Bovespa.
Em momentos de nervosismo como o atual, a volatilidade instaurada sobre o ambiente de negócios tende a distorcer os fundamentos das empresas, aplicando nos preços maior aversão ao risco. É nestes momentos que os investidores com foco no longo prazo devem aproveitar tais distorções, distinguir boas oportunidades e montar posições visando retorno em horizontes mais amplos.
O que diz o MCI?
Uma das ferramentas que pode auxiliar o investidor na busca pelas boas oportunidades presentes no mercado é o Market Consensus Indicator (MCI), índice de consenso de mercado da InfoMoney, que compila as recomendações de analistas consultados. Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador traz um resumo do consenso de mercado.
Dentre as 40 ações do Ibovespa que, até o pregão de 10 de março, apresentavam variação negativa no acumulado de 2008, as dez melhor avaliadas pelo MCI aparecem na lista ao lado. Três delas receberam nota máxima: Braskem, Gerdau Metalúrgica e Itaúsa.
Ainda que a disparada dos preços do petróleo gere dúvidas em parte do mercado quanto ao potencial de repasse dos preços na cadeia produtiva, os resultados de 2007 da Braskem foram bem avaliados por analistas, que ainda esperam bons números nos próximos trimestres. Forte demanda por produtos petroquímicos, sobretudo no mercado doméstico, e os investimentos anunciados pela empresa são fatores vistos com bons olhos pelo mercado.
Beneficiada pelas boas perspectivas para o setor, a Gerdau Metalúrgica tem na rentabilidade de seus negócios e em sua política de dividendos pontos bem avaliados pelo mercado. Demanda aquecida, potencial de vendas e forte geração de caixa são alguns dos atrativos para este papel citados por analistas.
Já no que diz respeito à Itaúsa, as boas perspectivas para as empresas controladas pela holding, entre elas Itaú e Duratex, sustentam a percepção otimista para a performance dos papéis da companhia em 2008. Além do benefício da liquidez, a Itaúsa é mais uma empresa destacada por analistas por ser boa pagadora de dividendos.
É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos. Além disso, as projeções compiladas por estes indicadores podem não refletir por completo as oscilações destes papéis no curto prazo, assim como mudanças recentes nos fundamentos destes papéis e do setor do qual participam, uma vez que as corretoras e as instituições do mercado constantemente revisam suas recomendações e preços-alvo.
Outras oportunidades
A extensa lista de ações no vermelho em 2008 traz, além da Itaúsa, outros quatro papéis do setor financeiro: Banco do Brasil, Unibanco, Bradesco e Itaú. Em parte penalizados pela crise nas instituições financeiras externas - ainda que o mercado avalie que os bancos brasileiros não estão sujeitos aos problemas enfrentados pelas instituições expostas a ativos atrelados ao crédito subprime - estas empresas contam com boas perspectivas no longo prazo.
A espera pelo IPO (Inital Public Offering) da Visanet beneficia os papéis de Banco do Brasil e Bradesco, que compõem o controle acionário da empresa. A expansão do crédito no mercado brasileiro e bom histórico de distribuição de dividendos também respaldam o investimento em ações do setor financeiro, ainda que controle de custos e eficiência operacional apareçam como pontos que merecem atenção dos investidores.
Os papéis das duas maiores empresas brasileiras em valor de mercado - Petrobras e Vale - também acumulam baixa este ano. A alta nas cotações do petróleo e as perspectivas de descoberta de novos campos de óleo e gás são fatores em prol dos ativos da Petrobras, enquanto a necessidade de expansão da produção e a estrutura de custos da companhia mereçam atenção.
Mesmo diante das ameaças de recessão nos EUA, os países emergentes devem sustentar um quadro de forte demanda por commodities, beneficiando assim as ações da Vale. A perspectiva para os próximos resultados da mineradora é favorável, ainda que analistas vejam com cautela a política de controle de custos da empresa. As negociações de aquisição da Xstrata também seguem em foco.
O que evitar
Apesar do leque de oportunidades, com foco no longo prazo, surgidas com a turbulência instaurada na bolsa brasileira nas primeiras semanas de 2008, o investidor deve ter em mente que não é porque determinada ação acumula expressiva variação negativa que ela representa uma boa oportunidade de compra.
A análise da atual conjuntura e das perspectivas para a empresa, assim como para o setor em que ela atua, são fundamentais na hora de se avaliar se aquele papel se encontra em interessante ponto de entrada ou se a tendência é de continuidade das perdas.
Em momentos de nervosismo como o atual, a volatilidade instaurada sobre o ambiente de negócios tende a distorcer os fundamentos das empresas, aplicando nos preços maior aversão ao risco. É nestes momentos que os investidores com foco no longo prazo devem aproveitar tais distorções, distinguir boas oportunidades e montar posições visando retorno em horizontes mais amplos.
O que diz o MCI?
Uma das ferramentas que pode auxiliar o investidor na busca pelas boas oportunidades presentes no mercado é o Market Consensus Indicator (MCI), índice de consenso de mercado da InfoMoney, que compila as recomendações de analistas consultados. Variando em uma escala de 0 (venda forte) a 5 (compra forte), o indicador traz um resumo do consenso de mercado.
Dentre as 40 ações do Ibovespa que, até o pregão de 10 de março, apresentavam variação negativa no acumulado de 2008, as dez melhor avaliadas pelo MCI aparecem na lista ao lado. Três delas receberam nota máxima: Braskem, Gerdau Metalúrgica e Itaúsa.
| Ativo | MCI | PVI | Upside* |
| BRKM5 | 5,00 | R$ 21,93 | +60,42% |
| GOAU4 | 5,00 | R$ 88,16 | +25,75% |
| ITSA | 5,00 | R$ 17,85 | +72,46% |
| PETR4 | 4,84 | R$ 106,84 | +39,30% |
| NETC4 | 4,78 | R$ 34,84 | +95,73% |
| GGBR4 | 4,66 | R$ 65,53 | +27,64% |
| UBBR11 | 4,64 | R$ 32,74 | +52,07% |
| PRGA3 | 4,64 | R$ 57,21 | +41,96% |
| BRTO4 | 4,55 | R$ 22,63 | +33,12% |
| VALE5 | 4,53 | R$ 65,32 | +41,82% |
Beneficiada pelas boas perspectivas para o setor, a Gerdau Metalúrgica tem na rentabilidade de seus negócios e em sua política de dividendos pontos bem avaliados pelo mercado. Demanda aquecida, potencial de vendas e forte geração de caixa são alguns dos atrativos para este papel citados por analistas.
Já no que diz respeito à Itaúsa, as boas perspectivas para as empresas controladas pela holding, entre elas Itaú e Duratex, sustentam a percepção otimista para a performance dos papéis da companhia em 2008. Além do benefício da liquidez, a Itaúsa é mais uma empresa destacada por analistas por ser boa pagadora de dividendos.
É importante destacar que o MCI é calculado apenas para ações com ao menos três recomendações de analistas distintos. Além disso, as projeções compiladas por estes indicadores podem não refletir por completo as oscilações destes papéis no curto prazo, assim como mudanças recentes nos fundamentos destes papéis e do setor do qual participam, uma vez que as corretoras e as instituições do mercado constantemente revisam suas recomendações e preços-alvo.
Outras oportunidades
A extensa lista de ações no vermelho em 2008 traz, além da Itaúsa, outros quatro papéis do setor financeiro: Banco do Brasil, Unibanco, Bradesco e Itaú. Em parte penalizados pela crise nas instituições financeiras externas - ainda que o mercado avalie que os bancos brasileiros não estão sujeitos aos problemas enfrentados pelas instituições expostas a ativos atrelados ao crédito subprime - estas empresas contam com boas perspectivas no longo prazo.
A espera pelo IPO (Inital Public Offering) da Visanet beneficia os papéis de Banco do Brasil e Bradesco, que compõem o controle acionário da empresa. A expansão do crédito no mercado brasileiro e bom histórico de distribuição de dividendos também respaldam o investimento em ações do setor financeiro, ainda que controle de custos e eficiência operacional apareçam como pontos que merecem atenção dos investidores.
Os papéis das duas maiores empresas brasileiras em valor de mercado - Petrobras e Vale - também acumulam baixa este ano. A alta nas cotações do petróleo e as perspectivas de descoberta de novos campos de óleo e gás são fatores em prol dos ativos da Petrobras, enquanto a necessidade de expansão da produção e a estrutura de custos da companhia mereçam atenção.
Mesmo diante das ameaças de recessão nos EUA, os países emergentes devem sustentar um quadro de forte demanda por commodities, beneficiando assim as ações da Vale. A perspectiva para os próximos resultados da mineradora é favorável, ainda que analistas vejam com cautela a política de controle de custos da empresa. As negociações de aquisição da Xstrata também seguem em foco.
O que evitar
Apesar do leque de oportunidades, com foco no longo prazo, surgidas com a turbulência instaurada na bolsa brasileira nas primeiras semanas de 2008, o investidor deve ter em mente que não é porque determinada ação acumula expressiva variação negativa que ela representa uma boa oportunidade de compra.
A análise da atual conjuntura e das perspectivas para a empresa, assim como para o setor em que ela atua, são fundamentais na hora de se avaliar se aquele papel se encontra em interessante ponto de entrada ou se a tendência é de continuidade das perdas.