Por: Conrado Mazzoni Cruz
O tradicional receio de déficit na conta corrente do Brasil pode sair de moda. A análise assinada pelo economista do Santander Alexandre Schwartsman levanta a hipótese de que o atual perfil da dívida pública permite que o processo de ajuste nas transações correntes seja menos doloroso do que já foi no passado.
Para ele, um conjunto de fatores amorteceria os impactos do desequilíbrio nas contas, renegando o histórico de crise fiscal, quando os índices de solvência do País eram ameaçados pela maciça depreciação da moeda. Acabou: "as inconsistências entre o ajuste nas contas correntes e a estabilidade fiscal e financeira foram finalmente resolvidas".
A deterioração da balança de transações correntes é alarmante. O saldo recorde de US$ 14 bilhões registrado nos 12 meses até abril do ano passado converteu-se em déficit de US$ 15 bilhões. Episódios como o de 2002, quando também houve um quadro tenso nesse sentido, deixaram rastros de preocupações.
Mas há consideráveis diferenças no cenário corrente. "A acumulação de reservas internacionais, bem como outros instrumentos, transformaram o setor público brasileiro em credor líquido em moeda estrangeira, de modo que qualquer desvalorização no câmbio pode reduzir a dívida do governo", salienta Schwartsman.
Câmbio
O primeiro fator em favor da tese do estrategista está no modelo de negociação de divisas. Diferentemente dos períodos de política de câmbio fixo, o atual regime de câmbio flutuante tende a aliviar variações bruscas de tendência da moeda. Isso somado ao fato que o balanço de pagamentos do Brasil está muito mais preparado para enfrentar uma eventual fraqueza do real.
O País se beneficia por emitir dívida em moeda local, atrelada a índices de inflação e juros, apagando o estigma de dívida denominada em dólar, que já respondeu por 56% do total do setor público em outubro de 2002.
"De maneira prática, isso significa que o setor público reverteu sua exposição a flutuações do câmbio, ou seja, se a moeda desvaloriza, o setor público ganha, se ocorre o contrário, o setor público perde", esclarece o economista do Santander.
Volume
Outro aspecto destacado por Schwartsman é a expansão vigorosa da balança comercial brasileira. Tanto importações como exportações cresceram significativamente. O volume do total exportado praticamente triplicou entre 2002 até a metade deste ano.
"Maior volume comercial tipicamente implica ajuste mais modesto na taxa de câmbio diante de choques externos. Fenômeno que também ajuda a mitigar os custos associados ao ajuste das contas correntes", conclui.
O tradicional receio de déficit na conta corrente do Brasil pode sair de moda. A análise assinada pelo economista do Santander Alexandre Schwartsman levanta a hipótese de que o atual perfil da dívida pública permite que o processo de ajuste nas transações correntes seja menos doloroso do que já foi no passado.
Para ele, um conjunto de fatores amorteceria os impactos do desequilíbrio nas contas, renegando o histórico de crise fiscal, quando os índices de solvência do País eram ameaçados pela maciça depreciação da moeda. Acabou: "as inconsistências entre o ajuste nas contas correntes e a estabilidade fiscal e financeira foram finalmente resolvidas".
A deterioração da balança de transações correntes é alarmante. O saldo recorde de US$ 14 bilhões registrado nos 12 meses até abril do ano passado converteu-se em déficit de US$ 15 bilhões. Episódios como o de 2002, quando também houve um quadro tenso nesse sentido, deixaram rastros de preocupações.
Mas há consideráveis diferenças no cenário corrente. "A acumulação de reservas internacionais, bem como outros instrumentos, transformaram o setor público brasileiro em credor líquido em moeda estrangeira, de modo que qualquer desvalorização no câmbio pode reduzir a dívida do governo", salienta Schwartsman.
Câmbio
O primeiro fator em favor da tese do estrategista está no modelo de negociação de divisas. Diferentemente dos períodos de política de câmbio fixo, o atual regime de câmbio flutuante tende a aliviar variações bruscas de tendência da moeda. Isso somado ao fato que o balanço de pagamentos do Brasil está muito mais preparado para enfrentar uma eventual fraqueza do real.
O País se beneficia por emitir dívida em moeda local, atrelada a índices de inflação e juros, apagando o estigma de dívida denominada em dólar, que já respondeu por 56% do total do setor público em outubro de 2002.
"De maneira prática, isso significa que o setor público reverteu sua exposição a flutuações do câmbio, ou seja, se a moeda desvaloriza, o setor público ganha, se ocorre o contrário, o setor público perde", esclarece o economista do Santander.
Volume
Outro aspecto destacado por Schwartsman é a expansão vigorosa da balança comercial brasileira. Tanto importações como exportações cresceram significativamente. O volume do total exportado praticamente triplicou entre 2002 até a metade deste ano.
"Maior volume comercial tipicamente implica ajuste mais modesto na taxa de câmbio diante de choques externos. Fenômeno que também ajuda a mitigar os custos associados ao ajuste das contas correntes", conclui.