quinta-feira, 5 de junho de 2008

Fitch vê com cautela setor imobiliário, mas flerta com investment grade no futuro

Por: Nathália A. Terra Pereira

Em relatório divulgado ao mercado nesta quinta-feira (5), a agência de classificação de risco Fitch se mostra cautelosa quanto ao mercado imobiliário nos mercados emergentes, dentre eles, o Brasil, embora as perspectivas a longo prazo sejam favoráveis.

Um dos fatores levantados pelos analistas são os riscos que sempre rondam o ambiente regulatório do setor. Ademais, a ainda problemática estratégia de governança corporativa conduzida pelas companhias também se mostra como um obstáculo a uma possível elevação do rating às companhias.

Entretanto, o elemento que mais traz preocupação à equipe da Fitch é a volatilidade característica dos resultados contábeis do setor. "O perfil de negócios das grandes construtoras imobiliárias, que tipicamente apresentam instáveis e inconstantes fluxos de receita, representa outro significativo fator de risco", afirma Michael Wu, diretor da equipe de análise corporativa da Fitch na Ásia.

A visão é compartilhada por José Romero, que ocupa o cargo semelhante da agência na América Latina. "Fluxo de caixa negativo para as construtoras no curto prazo é uma característica comum do setor nos três países", pondera Romero, em uma referência aos mercados imobiliários da China, Brasil e Rússia.

Mas no longo prazo...
Se tais riscos inerentes ao setor dificultam a obtenção do grau de investimento no curto prazo, a história é outra quando se trata de perspectivas em um prazo de tempo mais dilatado. Segundo Wu, o crescimento econômico em tais países, aliado à maior concessão de crédito e à oferta reduzida de imóveis, deve sustentar a expansão do setor nos próximos anos.

Para a Fitch, a progressiva acumulação de capital das construtoras, que devem diversificar sua atuação ao mesmo tempo em que consolidam seus perfis de crédito, propicia o caminho certo para a futura conquista do investment grade, embora isto demande anos a fio de esforço, tanto por parte das empresas, quanto por parte dos governos, responsáveis por lançar um ambiente macroeconômico estável.

Nesse sentido, entre os três países levados em consideração na análise da agência, a China e o Brasil se apresentam atualmente como os mais propensos a terem os ratings de seus mercados imobiliários acrescidos. Já a Rússia deve demorar mais, devido aos riscos no ambiente regulatório e à baixa qualidade do crédito no país.