domingo, 1 de junho de 2008

Segundo investment grade solidifica perspectivas favoráveis no longo prazo

Por: Nathália A. Terra Pereira

Antes um antigo sonho dos brasileiros, o grau de investimento é, de fato, uma realidade. Após a concessão do rating pela agência Standard & Poor's e
m abril, a Fitch trilhou o mesmo caminho, elevando também o País ao grau de investimento, conforme anunciou na última quinta-feira (29).

A notícia solidifica as perspectivas de forte ingresso de capital externo no Brasil daqui para a frente, uma vez que muitos fundos só investem em países com investment grade por ao menos duas agências de classificação de risco renomadas do mercado. Além do aumento da participação de estrangeiros no mercado brasileiro, o custo de captação do Governo e de empresas cairá, impulsionando os investimentos.

Perspectivas
"Este é um importante suporte de longo prazo ao desempenho dos ativos brasileiros", afirma o Citi. E a respeito da queda de 1,9% apresentada pelo Ibovespa no último pregão, a equipe da Ágora Corretora não mostra grande preocupação, já que o stress com o mercado de commodities é pontual, ao contrário dos fundamentos macroeconômicos do Brasil, que se mantêm fortalecidos.

A visão é compartilhada pelos analistas do Citi, que não acreditam em uma continuidade da trajetória de queda dos papéis atrelados a commodities e, em contrapartida, apostam em uma performance positiva de setores mais atrelados ao mercado doméstico, como de varejo e construção civil - os grandes beneficiados com o investment grade.

Pouco efeito no curto prazo
No entanto, a notícia já era amplamente esperada pelo mercado, o que tira um pouco de seu efeito sobre os mercados, ao menos no curto prazo. Ademais, como observam os analistas do Citi, desde a concessão do primeiro grau de investimento, a bolsa brasileira subiu 17,6%, o que deve impedir maiores movimentos de valorização muito expressivos.

"Dito isto, a notícia significativa será o upgrade da Moody's que, de fato, fará a diferença. E esta ainda mantém um duro discurso conta as condições fiscais", afirma a equipe da Ativa Corretora. Nesse sentido, os analistas se mostram consensuais quanto à idéia de que o impacto da concessão do rating pela Fitch deve ficar mesmo no longo prazo.

Câmbio e risco-país
O mesmo não pode se dizer acerca de outros mercados, como o de câmbio. Na visão da Ágora, o segundo grau de investimento, por facilitar a entrada de investimento estrangeiro direto no País, deve aprofundar a tendência de valorização do real frente ao dólar, o que leva a um cenário de deterioração no saldo brasileiro de transações correntes.

Outra variável que deve reagir à notícia é o risco-país, que trilha novo movimento de queda nesta sexta-feira, refletindo a tese de que o Brasil se apresenta como um mercado seguro ao capital externo.