terça-feira, 9 de março de 2010

ALL: resultados fracos já eram esperados, e analistas projetam melhora em 2010

Apesar de piora nos resultados operacionais, queda nos volumes e prejuízo líquido registrados pela ALL (ALLL11), os comentários dos analistas e a resposta das ações vieram positivos - os papéis subiram 1,66% um dia após a divulgação.

Isso se deve, em parte, ao fato desse resultado já estar precificado nas ações, uma vez que a empresa havia reportado prévias anteriormente, e às expectativas de melhor desempenho em 2010.

Resultados fracos, como esperado
O volume total registrou queda de 20,5% na comparação com o terceiro trimestre, enquanto a receita líquida caiu 28,8%. O prejuízo líquido da empresa, de R$ 60,5 bilhões, mostro uma forte piora de 201% na comparação trimestral, e de 93,3% quando comparado ao prejuízo reportado nos últimos três meses de 2008.

Para o analista Artur Delome, da Ativa Corretora, a queda no volume refletiu sobretudo as condições climáticas adversas - inundações e deslizamentos e bloqueios parciais ao longo da malha, além de queda no mercado de exportações de grãos.

"A redução do diesel pressionou os yields, a [unidade da] Argentina continuou a mostrar números fracos e os volumes no mercado local não conseguiram garantir crescimento para a operadora", adiciona Maria Tereza Azevedo, da Link Investimentos.

A analista lembrou que, sem a operação da Argentina, o grupo teve crescimento de 5,8% nos volumes transportados. Ainda sobre o assunto, os analistas Victor D'Almeida Penna e Fernanda Marques, do BB Investimentos, citaram o aumento do custo dos serviços prestados, impactado pela depreciação do peso argentino frente ao real.

Margens e investimentos
A margem bruta mostrou forte queda de 28,8 ponto percentual com relação ao trimestre anterior, ficando em 13,4%. Entretanto, para 2010 a expectativa de forte crescimento do volume de cargas deve contribuir para melhoria, na visão de Delome. "Esse resultado deverá ser beneficiado pela expansão da atividade industrial e, principalmente, da safra da soja", afirma o analista da Ativa.

"Os investimentos em expansão da empresa continuam avançando", avaliam Fernanda e Penna, do BB, citando o projeto com a Rumo (empresa formada em parceria com a Cosan) e a construção de Rondonópolis.

Em linha com essa opinião, a analista da Link diz que os dois projetos estão evoluindo, e destaca ainda a estimativa de crescimento de quase 20% da safra de soja e a alta de 8% da produção industrial.

Expectativas positivas
Para a analista da Link, as boas perspectivas justificam a manutenção da recomendação acima da média do mercado, enfatizando a evolução nos projetos de expansão e a emissão de ações que capitalizou a empresa, permitindo redução da alavancagem e "sugerindo um movimento futuro de pagamento de dividendos para os acionistas", na avaliação de Mariana.

Os analistas do BB também mantiveram recomendação de compra para as units da empresa. Um dos destaques, na opinião da equipe, é a "busca por novos projetos visando aumentar sua participação no segmento industrial e não ficar tão refém do calendário agrícola do País". A previsão de aumento da safra da Argentina, de 40%, também é vista como ponto positivo.