quarta-feira, 10 de março de 2010

PIB do quarto trimestre deve indicar saída oficial da crise pelo Brasil

Infomoney

Enquanto a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre era de continuação da recuperação econômica do País, os dados para o período de outubro a dezembro do ano passado devem marcar a saída oficial da crise pelo Brasil, de acordo com a avaliação do Santader.

As expectativas divergem. Para o avanço em relação ao trimestre anterior, quando o PIB decepcionou e apresentou expansão de 1,3%, a projeção é de que a economia tenha crescido, em média, 2,1%, mas tem quem ache que esse número vá ser menor. De qualquer maneira, esse crescimento não deve chegar ao nível exigido para que o País não apresente retração em 2009, e por isso a perspectiva é de que o Brasil tenha encolhido de 0,2% a 0,5% no ano passado. Em qualquer um dos cenários, 2009 deve apresentar o primeiro recuo do produto desde 1991.

Para o Bank of America Merril Lynch, que espera crescimento de 1,8% trimestre a trimestre (7,4% em termos anualizados) - um pouco mais pessimista que a média das previsões - o número a ser divulgado nesta quinta-feira (11) deve marcar o pico da ascensão deste ciclo, já que nos primeiros três meses de 2010 o avanço esperado para o PIB é de 1,4%.

O banco norte-americano ainda destaca que os dados já divulgados podem sofrer revisões maiores do que é o usual, já que fatores sazonais têm se apresentado extremamente instáveis.

Investimentos e consumo
Para o BofA, que também acredita em um crescimento convergendo para níveis pré-crise, os números devem ter sido impactados principalmente pelo consumo público e privado e por nova alta nos investimentos.

Entre os analistas, é consenso que esses sejam os setores responsáveis pelo crescimento esperado para o PIB. A SulAmérica, que espera retração de 0,5% do produto em 2009, alerta que os dados na margem mostram uma figura totalmente diferente, "com importantes implicações para o resultado de 2010".

A gestora de recursos indica que, em sua opinião, os investimentos devem ser o grande destaque, com crescimento expressivo na margem. O Santander também acredita que "o crescimento extremamente robusto do investimento é a maior causa da alta do PIB".

A expectativa é que a formação bruta de capital fixo avance 12,6% na margem e 10% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, segundo avaliação do banco.

Ainda contribuindo para o cenário otimista, a SulAmérica aponta o mercado de trabalho, que está em "plena recuperação", aliado à massa salarial sem projeções de perdas futuras. Para o Santander, as famílias devem ter consumido 3,4% a mais em 2009. Para o Banco Schahin, o bom desempenho do consumo deve puxar a alta de 2,1% na margem esperada para o PIB.

Exportações x importações
Ainda no lado da demanda, deve ter roubado pontos do PIB o resultado do comércio exterior. Para o Santander, a contribuição líquida do setor deve ser negativa, com as importações apresentando movimento mais forte do que era esperado. Para a SulAmérica, o movimento é natural. Como o crescimento nacional está mais forte do que a média mundial, a aceleração das importações e a moderação no volume de exportações é normal.

Indústria
Pelo lado da oferta, a indústria deve apresentar recuperação sólida, ainda que as projeções do Santander indiquem retração de 5,7% ao longo do ano. Para o banco, parte é explicada pela retomada do setor agropecuário. Para a SulAmérica, o setor foi muito afetado pela crise financeira, o que explica o número ruim no acumulado anual.

Vale ressaltar que a perspectiva entre os analistas é que os componentes de formação do PIB deste quarto trimestre indicam o caminho que deve continuar a ser trilhado ao longo deste ano. A expectativa é de crescimento de 5% para 2010, puxados pelo nível crescente de investimentos, com o volume de exportações pesando negativamente sobre os dados.

No entando, o Santander faz um alerta: o crescimento robusto do produto deve pressionar os níveis de capacidade instalada e, portanto, a inflação.