segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Petróleo retoma o seu reinado no Ibovespa

Daniele Camba



O fim do reinado da Petrobras e do setor de petróleo como um todo dentro da bolsa durou pouco. Tanto a estatal quanto o setor vão voltar a ser os mais importantes dentro da próxima carteira do Índice Bovespa, que vai valer de janeiro a abril do ano que vem.

Pelos cálculos da corretora do banco Santander, o peso do setor de petróleo e gás dentro do Ibovespa passará de 17,2% para 20,7%, ultrapassando o setor bancário, cujo peso deve cair de 19,4% para 19,2%. Nas duas últimas carteiras do Ibovespa (a de maio a setembro e a de setembro até o mês que vem), as ações de instituições financeiras desbancaram o longo reinado das petrolíferas.

    Após a capitalização, Petrobras ultrapassa as ações da Vale

A volta do petróleo à condição de maior setor deve ocorrer principalmente graças às ações da Petrobras e da OGX. A soma do peso das preferenciais (PN, sem direito a voto) e das ordinárias (ON, com voto) da Petrobras sobe de 11,62% para 13,71%. Já as ON da OGX sobem de 3,45% para 5,08%, roubando a terceira posição dentro do índice, que até agora era das ordinárias da BM&FBovespa.

A operação de capitalização da Petrobras, segundo a analista quantitativa da corretora do banco Santander, Renata Cabral, foi a grande responsável pelo aumento de liquidez dos papéis da companhia nos últimos meses. Já no caso das ações da OGX, dia após dia cresce o interesse dos investidores.

"A OGX é uma grata surpresa dentro da bolsa, assim como todo o grupo X, que passa por um bom momento", diz Renata. Apesar desse cenário positivo, ela acredita que no curto prazo dificilmente a OGX terá condições de tomar o lugar de liderança da Petrobras dentro do principal índice da bolsa brasileira.


Se a capitalização da Petrobras contribuiu para que o setor de petróleo voltasse à liderança dentro do índice, também serviu para a estatal voltar a ser a maior empresa, com um peso estimado pelo Santander de 13,71% (ON mais PN) ante 13,41% da Vale. Na última carteira do Ibovespa (a que vale de setembro até o mês que vem), a Petrobras perdeu o reinado para a Vale. No entanto, com os detalhes da capitalização definidos, os investidores venderam as ações da Vale para fazerem caixa e participar do aumento de capital da petrolífera. Os fundamentos de mineração também ajudaram na fuga das ações da Vale.

Além de petróleo e gás, varejo e alimentos e bebidas também devem elevar sua participação dentro do próximo Ibovespa. Segundo Renata, isso comprova a tendência de diversificação do índice e do aumento de importância dos setores ligados ao mercado interno, como reflexo do crescimento econômico local. "No médio prazo, as ações dessas empresas vão dominar o Ibovespa", diz ela. Já as ações de telefonia, que chegaram a ter mais de 50% do índice, chegam à próxima carteira com ínfimos 3,36%.