terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prata e ouro descolam do dólar e alcançam recordes

Felipe Peroni 

Há a busca por ouro visando a iminente temporada de casamentos na Índia. Dezembro é época de demanda robusta por joias naquele país

Após um ano acompanhando o desempenho da moeda americana, os metais preciosos e industriais se descolaram da divisa, com ouro e prata quebrando recordes apesar da valorização do dólar.

"Em meio à incerteza durante boa parte do ano, as commodities essencialmente se comportaram como um reflexo da força do dólar", afirma em relatório o analista Leon Westgate, do banco sul-africano Standard Bank.

Um dólar mais apreciado rouba a atratividade dos investimentos em commodities, que são denominadas na moeda americana. Ao mesmo tempo, a divisa enfraquecida eleva a busca por alternativas de reserva de valor.

No entanto, o cenário mudou após o anúncio do "afrouxamento quantitativo" pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano). O fortalecimento do dólar na sexta-feira (5/11), recuperando parte das perdas com a divulgação de dados positivos sobre o mercado de trabalho americano, não afetou o metal, que ficou estável.

Na última semana, a prata avançou 8%, enquanto o ouro subiu 3%.

Nesta sessão, o ouro continuou a fortalecer. O preço da onça do ouro superou, pela primeira vez, o teto dos US$ 1.400 a onça, registrando um recorde. A prata também atingiu patamares inéditos nesta segunda-feira, atingindo os US$ 26,98 a onça.

Segundo o analista, o ouro já tem tendência de alta definida para o último trimestre. Embora possa sofrer realizações de lucros, o preço será sustentado por aumento sazonal da demanda no final do ano. Na ponta compradora, há a busca por ouro visando a iminente temporada de casamentos na Índia. Projetando cotações maiores até o final do ano, os indianos se antecipam em qualquer baixa nos preços, constituindo uma espécie de piso no mercado.

Já no caso da prata, a demanda do setor industrial da China deve sustentar as cotações.

Metais básicos

Embora mais sensíveis ao dólar, os metais básicos também estão sendo afetados pelas condições de mercado. Há fundamentos além da enxurrada de dólares disponíveis para explicar as oscilações dos produtos.

"Os metais com melhor desempenho no ano, o estanho, o cobre e o níquel são também aqueles com maiores quedas nos estoques da LME (London Metal Exchange, bolsa britânica de metais não-ferrosos)", explica o analista.

A recente greve na mina de Collahuasi, no Chile, que já dura quatro dias, tem sustentado os preços do cobre. Nesta sessão, o metal opera em queda pelo segundo dia seguido, a US$ 8.640 por tonelada métrica, mas ainda próximo dos recordes históricos.

A greve ainda não teve nenhum efeito sobre a produção, mas com os estoques em queda desde o início do ano, as expectativas mantém o preço firme.

"Esperamos que os fundamentos para os metais base continuem a exercer influência nos preços", diz.