segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Resgate a Portugal é cada vez mais provável, diz economista

É cada vez mais provável que Portugal precise de um resgate internacional, disse o economista americano Nouriel Roubini, nesta segunda-feira, em entrevista publicada no jornal português Diário Económico. Roubini ganhou notoriedade por avisar sobre a crise de crédito antes de 2007, tendo recebido o apelido de Doutor Apocalipse.Ele disse ao jornal que Irlanda e Grécia também insistiram que não precisavam de ajuda internacional, mas acabaram obrigadas pelas condições de mercado a recorrer à União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Isso (o resgate para Portugal) está se tornando cada vez mais provável", disse Roubini. "Goste você ou não, Portugal está atingindo o ponto crítico. Talvez possa ser uma boa ideia pedir resgate de forma preventiva."

Entenda

A União Europeia (UE) aprovou no dia 28 de novembro um socorro financeiro de 85 bilhões de euros (US$ 115 bilhões) para a Irlanda. O governo irlandês afirmou que 35 bilhões de euros devem ser destinados a ajudar a reestruturar seu sistema bancário. Desse total, 10 bilhões seriam usados para uma injeção de capital imediato e o resto será um fundo de contingência. Os outros 50 bilhões de euros do pacote de emergência, que Dublin afirma ter sido concedido à uma taxa de juros média de 5,8%, vai ajudar a diminuir o déficit orçamentário do país para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2014. O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai contribuir com 22,5 bilhões de euros, enquanto o governo irlandês contribuirá com 17,5 bilhões de euros do seu próprio fundo de reserva.No dia 24 de novembro, a Irlanda definiu um plano de austeridade para economizar 15 bilhões de euros (US$ 20 bilhões), que inclui elevação das idades de aposentadoria, corte de empregos e reajuste de impostos. A primeira fase do plano será acertada em 7 de dezembro no Parlamento, com a apresentação do Orçamento para 2011, cuja aprovação é chave para que Irlanda possa ter acesso ao resgate financeiro do FMI e UE. Outros países, como a Suécia e a Grã-Bretanha, indicaram que poderão fazer empréstimos adicionais à Irlanda.O governo irlandês será o segundo país europeu a receber um empréstimo da UE e do FMI para combater os efeitos da crise. Em maio, a Grécia negociou um pacote de 110 bilhões de euros, a serem repassados ao longo de três anos. Agora as atenções se voltam para Portugal, outra economia da zona do euro com alto nível de endividamento.Países como Irlanda e Portugal vivem situação preocupante para lidar com seus déficits. O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, disse ao Financial Times que há um risco enorme de que seu país seja obrigado a buscar ajuda internacional, pois os mercados estão considerando Grécia, Irlanda e Portugal como um único conjunto.