terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CBS pergunta: Brasil será a nova superpotência econômica?

Sílvio Guedes Crespo

Passada uma onda de críticas sobre o Brasil na imprensa internacional,
a rede norte-americana de televisão CBS apresentou uma reportagem
laudatória sobre as perspectivas para a economia do País.

Em clima de fim de mandato de um presidente que "pode ser o político
mais popular do planeta", como disse o correspondente da CBS Steve
Kroft, a reportagem tenta responder a pergunta: "O Brasil será a nova
superpotência econômica?"

No final, a resposta: "Se isso acontecer, o Brasil será um tipo
diferente de superpotência, que fará amor em vez de guerra".

O repórter usa frases como "o Brasil está prestes a ter sua grande
entrada no palco global", "é apontado para desbancar a França e o
Reino Unido como a quinta maior economia do mundo" e "tem a mais
sofisticada indústria de biocombustível do mundo". Diz que o País foi
o último a entrar na "Grande Recessão" e o primeiro a sair dela. E
enquanto os países ricos lutam contra a crise, o Brasil tenta
administrar seu "boom" econômico.

A CBS traz dois depoimentos otimistas sobre o País: um do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e outro do empresário Eike Batista. E também
um contraponto crítico, o do historiador Eduardo Bueno.

"Estamos entrando em uma fase de quase pleno emprego. Nós já criamos
1,5 milhão de empregos neste ano. É inacreditável", diz Eike ao
jornalista. Mas o bilionário ressalva que o País ainda carece de mão
de obra qualificada: "Estou importando americanos para nossas
plataformas".

Críticas

Apesar do entusiasmo com o Brasil, a reportagem aponta também
problemas: impostos altos, grande tolerância à corrupção, burocracia
em excesso e "um caso de amor com a incompetência", na opinião de
Bueno.

"Não é um país sério em vários sentidos, porque as pessoas dizem que
vão fazer alguma coisa e não fazem. Aqui no Rio de Janeiro, você
convida alguém para a sua casa, eles dizem que vão, e depois a pessoa
não aparece. Como se pode fazer negócios dessea forma relaxada? Como
se pode administrar um país de forma relaxada?", analisa Bueno.

O historiador está pessimista também em relação à Copa de 2014: "Não
acho que estará tudo pronto [a tempo], especialmente porque
brasileiros não se importam em ficar atrasados. Eles vão estar
plantando a grama enquanto a bola já estiver rolando."