domingo, 12 de dezembro de 2010

China afeta o Brasil para o bem e para o mal

Daniele Camba

O mercado mantém todas as atenções voltadas para a China. A cada dia crescem as apostas de que o governo chinês deve subir a taxa de juros ainda neste fim de semana para conter a alta dos preços. Se a grande relação entre Brasil e China é positiva para a economia local, também é negativa em momentos como este.

"Uma possível alta dos juros na China é especialmente ruim para o Brasil no curto prazo, pela importância das commodities na economia", diz o gerente da mesa de operações da HSBC Corretora, Frederico Soares. "Já no longo prazo, também é melhor para o Brasil do que para outros países ter a economia chinesa andando nos trilhos", completa Soares.

Ele acredita que o mercado está nervoso nos últimos dias exatamente refletindo esse cenário de curto prazo. Passado o primeiro susto, a partir do momento que a China se mostrar sem pressões inflacionárias, o mercado brasileiro terá motivos para recuperar o que perdeu antes de outros mercados.

Juro chinês em alta é ruim para o Brasil só no curto prazo

"O ajuste da bolsa para baixo por conta de China parece já ter ocorrido, qualquer impacto agora deve ser positivo", afirma o gerente da HSBC. Ele lembra que a postura preventiva do governo chinês é bem diferente da do brasileiro, que espera a inflação ficar salgada para só depois tomar alguma atitude, que, inclusive, ainda nem aconteceu, uma vez que a Selic continua inalterada.

O Índice Bovespa ontem teve o seu quarto pregão seguido de queda, fechando em baixa de 0,43%, aos 67.879 pontos. As ações ordinárias (ON, com voto) da Cielo lideraram as quedas dentro do índice, com baixa de 4,92%. Ontem, em reunião com analistas e investidores, o presidente da companhia, Rômulo Dias, disse que os números do quarto trimestre devem ser piores do que se previa. As ações ON da Redecard caíram ontem 2,97%. Para um analista, os papéis da Redecard se desvalorizaram bem menos que os da Cielo porque de alguma forma ela se beneficia de problemas na Cielo.


O setor de cartões está passando por várias mudanças. Nesta semana, o Citi anunciou a criação de uma joint venture da subsidiária Credicard com a americana Elavon para atuar no processamento de transações com cartões de crédito e débito. Em relatório, a Link Investimentos lembra que o Citi era acionista da Redecard, portanto, a companhia pode ser a mais prejudicada, já que parte dos potenciais clientes do Citi hoje devem estar na base de clientes da Redecard. Apesar do cenário de maior competição, a Link mantém a recomendação de acima da média do mercado tanto para as ON da Cielo quanto para as da Redecard.