terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cresce aposta em Selic de 12,75% ao final de 2011

Fernando Travaglini | De Brasília
07/12/2010

Aumentaram as apostas em um ciclo mais acentuado de elevação das taxas de juros no próximo ano. Até o mês passado, havia uma divisão entre os analistas que respondem à pesquisa Focus, do Banco Central (BC), com parte do mercado prevendo estabilidade da Selic doze meses à frente, enquanto o restante acreditava em um novo aperto monetário. No início deste mês, no entanto, a divisão deu lugar a uma concentração quase unânime em torno de uma alta de dois pontos percentuais da taxa de juros ao longo do próximo ano, fechando 2011 em 12,75% ao ano.

Esse movimento de piora das estimativas decorre tanto da escalada da inflação nos últimos meses, puxada por uma alta do item alimentos, quanto da própria deterioração das expectativas dos agentes. Do início de novembro até ontem, a mediana das previsões para o IPCA desde ano passou de 5,29% para 5,78%, e de 4,99% para 5,2% para o índice de 2011.

Além disso, as instituições pesquisadas pela Focus seguiram o mercado de juros futuros e anteciparam a previsão para o início do aperto já para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro, a primeira sob o comando do atual diretor de Normas, Alexandre Tombini, no dia 19. Até a semana passada a aposta era de que a primeira elevação aconteceria no encontro de março, no dia 2. Para a reunião desta quarta-feira, a última presidida por Henrique Meirelles, o consenso é de estabilidade na Selic, segundo o Focus, em 10,75% ao ano.

As informações estão na edição da Focus desta semana e também no relatório que a autoridade monetária divulga mensalmente com a distribuição de frequência das respostas dos economistas para o mesmo boletim. É preciso ponderar, no entanto, que as respostas foram coletadas até sexta-feira, dia 3 de dezembro, e a recente medida do BC de elevar o compulsório pode não ter sido assimilada completamente. Boa parte do mercado acredita que essa decisão funcionou como o início efetivo do aperto monetário e que poderia, portanto, até mesmo postergar a necessidade de alta de juros, dada seu impacto na demanda agregada.

Nesta semana, fatos importantes também devem mexer com o mercado. Hoje o diretor Alexandre Tombini deve ser sabatinado pelo Senado para a cadeira de presidente do BC. Na quarta, além da reunião do Copom, será divulgado também o IPCA de novembro, cuja previsão do Focus é uma alta de 0,77%. Na quinta-feira, sai o PIB do terceiro trimestre.