segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Financiamento imobiliário é preservado do aperto

O crédito imobiliário, intocado pelas medidas do compulsório à vista e a prazo e pelas regras de maior capitalização para os bancos nas operações de consumo, deve seguir como carro-chefe das carteiras de pessoas físicas em 2011. Ao desonerar as Letras Financeiras do mesmo compulsório, o Banco Central (BC) estimula o mercado a alongar os prazos na ponta da captação, oferecendo uma alternativa à caderneta de poupança. "Pode ser a via para se construir um 'funding' de longo prazo para o setor", diz o diretor de controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderon.
Com esse pano de fundo, ele acredita que o financiamento à aquisição de moradias e à construção seguirá crescendo com o mesmo vigor observado em 2009, com taxas entre 40% e 50%. Os cartões, mesmo com a limitação do financiamento no rotativo a 15% e depois a 20% dos gastos até dezembro, também devem manter expansão importante, pela inclusão de novos clientes à base das instituições. "O instrumento tem chegado a outras classes sociais, deve haver um efeito compensatório."
Octavio de Barros, do Bradesco, também vê o crédito imobiliário seguindo forte em 2011, além de linhas consideradas mais benignas do ponto de vista de inadimplência. "O endividamento das famílias, ele de fato aumenta, mas o comprometimento de renda está bastante estabilizado, segundo nossas pesquisas."
Já o crédito com recursos livre às empresas, que não retomou os níveis pré-crise, deve ter nova retração, segundo o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores. Para ele, a tendência de médio e longo prazo é aumento da participação das operações de curto prazo dentro do crédito pessoa jurídica. Calderon, do Itaú, por ora mantém expectativa de expansão de 20% a 25% dos saldos às pequenas e médias empresas.