quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Maré vai mudar" para as ações das siderúrgicas, projeta o HSBC

Analista diz que o mercado já precificou integralmente as dificuldades
do setor e prevê cenário melhor em 2011

HSBC tem recomendação de overweight (desempenho acima da média de
mercado) para as ações da CSN, com preço-alvo (dez/11) de 36,50 reais

São Paulo – "A maré vai mudar". Com este título, o HSBC publicou seu
primeiro relatório de análise do setor de siderurgia, no qual inicia a
cobertura de quatro empresas: CSN, Usiminas, Gerdau e Metalúrgica
Gerdau.

"Acreditamos que os altos estoques e importações de aço, que fizeram
as ações ficar significativamente atrás do mercado no acumulado do
ano, devem começar a diminuir em 2011, em função do aumento nos preços
internacionais, reduções já anunciadas nos preços do Brasil e novas
regulamentações para importações", diz Jonathan Brandt, que assina o
relatório.

Ele prevê ainda que os resultados do quarto trimestre serão fracos
para todas as empresas siderúrgicas, devido à sazonalidade e um
ambiente de preços mais difícil no Brasil. "Entretanto, acreditamos
que isso já está precificado nas ações".

CSN (CSNA3)

A CSN é o nome preferido no setor de siderurgia na avaliação de Brandt
devido à sua exposição ao minério de ferro. "Gostamos da CSN,
considerando sua maior lucratividade, bons projetos de crescimento,
exposição ao minério de ferro e avaliações relativamente benignas.
Nosso trabalho de avaliação indica potencial de alta de 34% para as
ações", afirma.

Além disso, o analista avalia de maneira otimista os projetos de
minério de ferro da Casa de Pedra e Namisa. "Acreditamos nos projetos
de expansão de minério de ferro da Casa de Pedra e Namisa, que vão
apresentar um aumento na produção de 27-28 milhões de toneladas por
ano em 2010 para 89 milhões de toneladas nos próximos anos. Não
acreditamos que isso está precificado de forma adequada nas ações",
avisa o analista.

O analista tem recomendação de overweight (alocação acima da média de
mercado) para as ações ordinárias da companhia, com preço-alvo
(dez/11) de 36,50 reais.

Usiminas (USIM3) (USIM5)

Para o HSBC, o curto prazo pode ser um caminho arriscado para os
investidores da Usiminas, já que não é esperado aumento de preço até a
metade de 2011. No entanto, o banco tem recomendação de overweight
para as ações, com preço-alvo (dez/11) de 25 reais para as ações
preferenciais classe A, implicando potencial de alta de 33%.

"Reconhecemos que esta é uma posição destoante do consenso, porém
acreditamos que a capacidade de laminação e as medidas de redução de
custos realizadas pela administração são a estratégia correta e irão
adicionar valor no médio prazo. Acreditamos que a Usiminas tem bons
projetos e encontramos valor em seus ativos de minério de ferro. Além
disso, a empresa resolveu várias condições desfavoráveis, como acesso
ao porto, as quais acreditamos que impediam o mercado de atribuir a
seus ativos de minério de ferro uma avaliação apropriada", justifica
Jonathan Brandt.

Gerdau (GGBR4)

A Gerdau está bem posicionada para tirar proveito dos gastos com
infraestrutura no Brasil, segundo a avaliação do HSBC. Porém, depois
de um resultado decepcionante no terceiro trimestre nas operações do
Brasil devido a pressões de matérias-primas, as preocupações se
concentram no ambiente dos preços de aços longos no território
nacional. "Além disso, acreditamos que sua exposição aos EUA
continuará a afetar negativamente seus resultados, considerando a
demanda desacelerada naquele país", diz o relatório.

O HSBC acredita que os atuais preços do aço no Brasil estão a um
prêmio insustentável, apesar da
sólida demanda doméstica, considerando que as importações começaram a
aumentar. "Em nossa
opinião, a Gerdau pode enfrentar pressão de preços em 2011". O banco
tem classificação de neutral (desempenho em linha com a média de
mercado) para as ações preferenciais da companhia, com preço-alvo
(dez/11) de 23,50 reais.

Gerdau Metalúrgica (GOAU4)

No que se refere ao braço de metalurgia da Gerdau, a aposta é num
ambiente onde a produção de aço bruto continuará crescendo e pode
atingir novos picos em 2011, por meio de uma forte demanda.
"Considerando os diversos projetos de siderurgia anunciados no Brasil,
estimamos que possa haver mais 27,1 milhões de toneladas de capacidade
a serem acrescentadas através desses projetos. A demanda por aços
planos e longos mostrou uma recuperação após a crise de 2008/2009, e
continuou forte no Brasil. As vendas domésticas de produtos planos e
longos estão agora próximas dos níveis anteriores à crise, ao passo
que o consumo aparente subiu a níveis acima disso", avalia Jonathan
Brandt."

No relatório, o analista lembra que a Metalúrgica Gerdau tem uma
participação econômica de 45% na Gerdau, e também de 28,5% na Aços
Villares. Desta forma, o preço da ação da Metalúrgica Gerdau acompanha
de perto as oscilações da própria Gerdau. Para as ações da Metalúrgica
Gerdau, o HSBC tem classificação de neutral (desempenho em linha com a
média de mercado), com preço-alvo (dez/11) de 28,50 reais.