segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

PF vê 'organização criminosa' no Panamericano, diz jornal

Destituição de 7 diretores reforça indícios de envolvimento, avalia polícia.
Fraude fez que Grupo Silvio Santos tomasse empréstimo de R$ 2,5 bilhões.

Da Agência Estado

A Polícia Federal (PF) classifica a cúpula do Panamericano de
"verdadeira organização criminosa voltada para a prática de crimes
contra o sistema financeiro nacional", de acordo com reportagem do
jornal "O Estado de S. Paulo" publicada neste domingo (19). A PF
sustenta que os dirigentes do banco teriam "participado ativamente da
arquitetura, execução e posterior compartilhamento do montante obtido
ilicitamente com a fraude".

Na quinta-feira (16), casas de ex-diretores foram vistoriadas em
operação da PF. Eles são investigados por uma suspeita de fraude que
pode ter atingido R$ 2,5 bilhões. O caso se tornou público em
novembro, quando o Grupo Silvio Santos tomou empréstimo para garantir
as operações do Panamericano.


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Segundo a PF, fraudes em operações não foram detectadas pelos
dirigentes que tinham essa atribuição porque a intenção seria "desviar
dinheiro, lesar o sistema financeiro nacional e acobertar o esquema
delituoso". A PF avalia que a destituição, em 9 de novembro, de sete
diretores do banco reforça os indícios de que estariam envolvidos em
fatos ilícitos - ata da reunião do Conselho de Administração do
Panamericano, registrada naquele dia, anuncia o afastamento dos
executivos.

A PF investiga violação aos artigos 4.º, 6.º e 10.º da Lei 7492/86
(crimes contra o sistema financeiro) - gestão temerária, indução de
investidor em erro, inserção de elemento falso em demonstrativos
contábeis, gestão fraudulenta, além de formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro e sonegação fiscal.

Os dirigentes do Panamericano estão sob suspeita de assumirem
"inconsistências contábeis no valor aproximado de R$ 2,5 bilhões, as
quais seriam resultado de divergências entre as demonstrações
financeiras e a real situação patrimonial da entidade". Para a PF,
fatos identificados pelo Banco Central não poderiam ter resultado de
falhas nos mecanismos de controle implementados justamente "para
detectar eventuais inconsistências contábeis".

O que aconteceu
No início de novembro, teve início o escândalo contábil do Banco
Panamericano, que afetaria as operações do Grupo Silvio Santos. No dia
9 de novembro, a instituição disse que receberia um aporte de R$ 2,5
bilhões de seu principal controlador, o Grupo Silvio Santos. Os
recursos foram obtidos junto ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC),
tendo os bens do grupo como garantia.

Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários, o
Panamericano informou que o objetivo do aporte era "restabelecer o
pleno equilíbrio patrimonial e ampliar a liquidez operacional da
instituição, de modo a preservar o atual nível de capitalização, em
virtude de terem sido constatadas inconsistências contábeis que não
permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação
patrimonial da entidade".

Silvio Santos terá dez anos para pagar o empréstimo, sem juros, só com
correção monetária. Ele deverá começar a quitar apenas daqui a três
anos.