segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Analistas recomendam ações que podem render mais de 50%

Veja os dez papéis sugeridos por oito corretoras de valores e seus potenciais de valorização

Olívia Alonso, iG São Paulo

As ações das empresas OGX, que atua no ramo de petróleo e gás, LLX, do setor de logística, Cemig, de energia, PDG Realty, de construção, e Hypermarcas, de consumo, são os destaques para este ano devido ao potencial de ganho na Bolsa de Valores entre os papéis mais recomendadas por corretoras de valores consultadas pelo iG. As cinco companhias podem ver suas ações subirem mais de 50% de agora até o fim do ano, segundo as projeções dos analistas.

Apesar de ter um potencial de valorização um pouco menor, a ação da mineradora Vale é a que teve um maior número de recomendações. O papel preferencial da empresa, que fechou a última sexta-feira valendo R$ 50,81, é sugerido por cinco das oito corretoras que participaram do levantamento. Em média, os analistas que acompanham a companhia acreditam que ela poderá render 27% até o fim do ano.

Também estão entre as mais sugeridas as ações da CCR Rodovias, do Itau Unibanco, da Cosan e da Petrobras – que foi recomendada por quatro casas, mas desaconselhada por duas.


Veja abaixo o que motivou os analistas das corretoras Ativa, Link Investimentos, SLW, UM Investimentos, Socopa, Lerosa, Votorantim e Planner a recomendar cada uma das dez ações.

Mais recomendadas

Vale: A Vale foi a empresa mais recomendada por cinco das oito corretoras de valores consultadas. “A mineradora merece destaque este ano por uma série de motivos”, diz Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos. Ela acredita que as margens operacionais da companhia vão subir em 2011, como resultado de medidas como o desenvolvimento de navios próprios. “A empresa não vai mais precisar alugar navios para transportar o minério, o que reduz custos com fretes.”

A equipe da UM Investimentos acrescenta que a probabilidade de que Roger Agnelli, presidente da empresa, fique no comando da mineradora gera confiança aos investidores. Além disso, as expectativas de que a demanda chinesa por minério de ferro continue forte são mais um fator positivo. “A relação entre oferta e demanda pelo minério está muito favorável às mineradoras”, diz Marcelo Varejão, analista da Socopa.

Petrobras: As ações da estatal são recomendadas por quatro analistas, mas desaconselhadas por outros dois. Quem sugere a compra do papel ressalta que o investidor deve pensar no longo prazo e ficar pelo menos três anos com o investimento. Entre os pontos negativos, está a possível elevação do endividamento da empresa, em função de seu plano de investimentos para os próximos anos.

Por outro lado, os analistas acreditam que a estatal poderá ter um bom ano já que as perspectivas são de aumento de sua produção. “O potencial de desenvolvimento das operações no pré-sal, alinhado aos últimos anúncios de descobertas de poços, são fatores que reiteram nossa visão otimista”, diz a equipe da UM Investimentos. A Ativa Corretora acrescenta que a companhia está empenhada em reduzir os custos dos investimentos em refino.

OGX: A OGX, empresa de petróleo e gás do empresário Eike Batista, também foi sugerida por quatro corretoras. Entre os motivos, está a boa imagem de governança que a companhia tem na visão de investidores externos. A Planner Corretora destaca que a comprovação da presença de hidrocarbonetos na maioria dos poços operados pela empresa é outro ponto favorável. Além disso, os analistas apontam duas outras razões para otimismo: o início da produção em 2011 e a captação de recursos com a venda de cerca de 20% das suas reservas.

CCR Rodovias: Com quatro recomendações e um potencial médio de valorização de 15%, a CCR Rodovias é a representante do setor de transportes e infraestrutura entre os dez papéis mais recomendados. Analistas da Ativa Corretora destacam como qualidades da empresa sua disciplina de investimentos e sua meta de duplicar seu ebidta (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações). Além disso, consideram que a companhia está preparada para participar “de forma relevante” nas oportunidades que surgirem no setor.

A equipe de análise de Link Investimentos aponta entre os aspectos positivos da companhia sua política agressiva de dividendos e sua transparência e solidez cada vez maiores.

Itau Unibanco: As instituições financeiras, que sofreram na Bolsa em 2010 com aumento do compulsório pelo Banco Central, têm possibilidade de conseguir ganhos este ano, na opinião dos analistas que acompanham o setor. Para a UM Investimentos, as boas perspectivas para o crescimento do Brasil e de renda da população, somadas às menores taxas de inadimplência, devem favorecer as instituições financeiras.

O Itau Unibanco, que aparece mais vezes nos relatórios de recomendações, deve usufruir das sinergias decorrentes da fusão que realizou em 2008. Além disso, é considerado um dos bancos mais eficientes e rentáveis do País, “dada sua escala e sua boa administração”, diz a Link Investimentos.

Cosan: Representando o setor de açúcar e etanol, a Cosan entra na lista de recomendações com um potencial de valorização de cerca de 22% este ano, na média das previsões dos analistas. A parceria com a Shell e a possível abertura do mercado internacional para o etanol são pontos que favorecem a empresa, segundo a Link. A valorização dos preços do açúcar nos mercados internacionais também é razão de otimismo na visão da UM Investimentos.

Merecem ainda destaque, na opinião dos analistas da Planner, a liderança da companhia nos seus mercados de atuação, a verticalização dos seus negócios e sua baixa alavancagem.

Maiores altas

LLX: A ação da LLX, do ramo de logística, está nas carteiras sugeridas de apenas duas das oito corretoras consultadas, mas entre as ações com mais recomendações é uma das que possui o maior potencial de valorização de agora até o fim do ano, de 65%, na projeção de analistas. O que deve impulsionar os papéis, segundo a equipe da Link Investimentos, são suas margens crescentes, sua forte alavancagem financeira e seu projeto diferenciado, com integração entre porto e indústria.

Cemig: A Cemig também foi sugerida por duas corretoras e tem chances de valorização de 65% até dezembro de 2011. Os pontos positivos da companhia de energia são sua alta liquidez e sua posição de referencia em termos de governança corporativa quando comparada a outras empresas do setor, segundo os analistas da Um Investimentos.

Hypermarcas: No setor de consumo, a ação da Hypermarcas tem um dos maiores potenciais de valorização, de 54%, em média, pois os analistas acreditam que a empresa possui boas políticas de investimentos para os próximos anos. Além disso, dizem que a companhia poderá se beneficiar do lançamento de novos produtos e consideram que as ações estão sendo negociadas em um patamar baixo, o que pode significar uma oportunidade de compra para o investidor.

PDG Realty: Também com um potencial de ganho de 54%, a PDG Realty representa o setor de construção na lista das dez mais recomendadas. Entre seus pontos fortes, os analistas destacam a atuação nos segmentos de baixa, média e alta rendas. A equipe da Ativa Corretora afirma ainda que a expectativa é de melhora dos resultados da empresa, com a absorção de sinergias da Agre, que foi adquira pela PDG Realty em outubro do ano passado.

Os analistas da Votorantim Corretora acrescentam que o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, também pode ter efeitos positivos para as companhias do setor.

Mais recomendações

Outras sete ações também tiveram mais de uma recomendação: Lojas Americanas, Eztec, Pão de Açucar, Santos Brasil, Bradesco, Tractebel e Ecorodovias. Entre elas, a de maior potencial de valorização é a Lojas Americanas, com 46%. Seu agressivo plano de expansão é o principal motivo para que os analistas recomendem suas ações. Serão 400 lojas até 2013, e a companhia vem sendo bem-sucedida nas unidades que abriu nos últimos anos.

Representando o setor de construção, a Eztec aparece com o segundo maior potencial, de 35%. O Pão de Açucar que deve ser favorecido pelas sinergias entre o Ponto Frio a Casas Bahia, pode gerar uma rentabilidade de 33% aos investidores, segundo a média das projeções dos analistas.

Santos Brasil, com potencial de rendimento de 29%, e Ecorodovias, com 7%, aumentam o peso do setor de infraestrutura entre os papéis mais sugeridos. “Vemos uma série de programas de infraestrutura na agenda brasileira”, diz Alexandra, da Lerosa Investimentos. A economista acredita que este ano o Brasil vai passar por um “choque de logística”, que deve favorecer as companhias do setor.

A Tractebel, que tem um potencial médio de valorização de 15%, deve ser favorecida pelo início das operações nas usinas de Estreito e Jirau, que devem elevar sua geração de resultados, segundo analistas da Planner. “Além disso, o preço de energia deve seguir em patamar elevado, beneficiando a companhia em sua estratégia de alocação.”

O Bradesco também está entre as sugestões de duas corretoras, que acreditam que entre os pontos positivos do banco estão a capacidade para crescer na concessão de crédito no País, sua operação no ramo de seguros, que ajuda a diversificar seus resultados e o aumento de sua exposição no segmento de cartões após a parceria com o Banco do Brasil na bandeira Elo. Em média, a projeção dos analistas aponta para um ganho de 29% até o fim do ano.

Riscos

Todas as ações mais recomendadas caíram na última sexta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, também teve desvalorização e atingiu seu menor nível em cinco meses. Em momentos assim, em que o mercado acionário está em “baixa”, muitos investidores acreditam que há boas oportunidades de compra. Mas antes de depositar suas esperanças e seu dinheiro na Bolsa, é preciso que o investidor tenha em mente que as ações são uma modalidade arriscada, alerta o consultor financeiro André Massaro, autor do livro “Por Dentro da Bolsa de Valores”.

“Ações podem apresentar valorizações substancialmente maiores que títulos de renda fixa, mas podem também desvalorizar (muito) e apresentar rentabilidade negativa.” O ideal, segundo ele, é que o investidor trace um “plano personalizado de investimentos”, misturando diversas modalidades de aplicações. “Um investidor mais conservador, por exemplo, deve limitar sua exposição à renda variável – grupo do qual as ações fazem parte - a no máximo 10% do patrimônio.”

Na hora de selecionar os papéis, os analistas de corretoras de valores podem ajudar os investidores, pois são profissionais que avaliam constantemente os fundamentos das companhias e os fatores que podem influenciá-las. Mas a recomendação de Massaro é que o investidor estude e aprenda a tomar suas próprias decisões. “Ele não deve, em nenhuma hipótese, abrir mão de se educar financeiramente – até mesmo para poder entender as linhas gerais da estratégia do analista ou consultor.”